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Tim Maia

Como tudo na vida de Tim Maia, até sua cinebiografia gera confusão. Não consegui conferir o longa nas telonas, mas vi a oportunidade de vê-lo de forma seriada pela Globo, dividida em dois capítulos. Tão logo começa o filme a narrativa é interrompida para que celebridades musicais possam elogiar o Rei do Soul Brasileiro. Fiquei imaginando o que Tim diria: "porra, que merda é essa...". Não consegui ver aquele frankenstein em forma de série feito para minimizar o impacto sobre a imagem de Roberto Carlos. É claro que deu uma quizumba danada essa versão para TV, na qual o diretor Mauro Lima pediu aos fãs que não assistissem a versão da Globo, que omitiu uma passagem importante sobre a relação de Tim Maia e Roberto Carlos. Perceba meu caro leitor, O SÍNDICO Tim Maia, ainda que morto desde de 1998, continua a gerar polemica. Ele era uma mala. Uma mala que cantava pra caralho. ♫AUMENTA O RETORNO...♫


Adaptado do livro "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", de Nelson Mota, o longa é um bom passeio pela vida do Tião Marmita, que com muita labuta se tornou o Tim ♫ MAIS AGUDO...♫ Maia. Assim como outras cinebiografias de cantores como Cazuza (Cazuza: O Tempo Não Para) e Renato Russo (Somos Tão Jovens) o olhar sobre a vida do artista é um pouco raso, enxergando demais seus vícios e falhas morais e explorando menos a genialidade por trás daquela vida excêntrica. Temos uma Tim Maia que mais parece um cantor de punk ou um hippie "power flower" viciado em todas as drogas possíveis. Na passagem mais exótica e interessante da sua vida, que foi o espetacular álbum Tim Maia Racional, a abordagem soou apenas cômica. Como pode um disco tão antológico ter surgido de um momento tão imbecil da vida de Tim? Claro que não preciso que isso seja explicado detalhadamente, mas é no mínimo curioso tentar entender. Foca-se demais no sujeito chamado Sebastião e seus insanos paradoxos e esquecem o gênio Tim, cuja chatura era famosa ao pedir mais retorno, aumenta o grave, ou xingava o técnico de som, afinal, ele escutava que era possível melhorar onde todos achavam que estava bom. Ele não só enxergava além, mas escutava muito mais além. É justamente isso que falta ao longa.

Pobre ao explorar a influência que sua passagem nos EUA teve em sua música, boa parte da narrativa surge mais como curiosidade. A famigerada treta com o Roberto Carlos também é tratada de forma simplista demais, com a cena de esnoba aqui, e outra de "chega ai meu amigo de fé, meu irmão camarada". Toda essa suposta briga é muita fumaça para pouco fogo, afinal, se não fosse Roberto emplacar a música Não Vou Ficar, Tim Maia teria muito mais obstáculos para chegar ao estrelato. Ou você dúvida disso? Ser negão de sucesso naquela época não era uma tarefa das mais fáceis, como pode atestar Wilson Simonal. ♫ CADÊ O REVERB PORRA...♫

Mesmo com seus tropeços o filme Tim Maia é agradável, rende boas risadas, além do privilégio de escutar as canções do Síndico por 140 minutos. Mesmo com o bom trabalho do ator Robson Nunes (2 Coelhos), que deu vida ao jovem Tim Maia, quem esbanjou talento foi Babu Santana (Meu Nome Não É Johnny), que tomara, ganhe cada vez mais papeis no cinema brazuca, pois é um excelente ator. Infelizmente, o filme não consegue traduzir a importância da sua existência para a música popular brasileira, soando menor do que deveria ser. Tim Maia era seguro, arrogante, prepotente, folgado, falastrão e genial. Ou seja, para chegar na genialidade o filme precisava antes trilhar os outros adjetivos que tanto lhe faziam jus. ♫ DESCULPEM, MAS O TIM MAIA NÃO VIRÁ PARA O SHOW HOJE A NOITE...♫



Tim Maia (2014)
Direção: Mauro Lima
http://www.imdb.com/title/tt3134058/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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