Amizades Improváveis

O delicioso e diverto Amizades Improváveis começa nos orientando como um cuidador de pessoas deve proceder. Basta usar o acrônimo em inglês ALOHA - Ask (perguntar), Listen (ouvir), Observe (observar), Help (ajudar), Ask Again (perguntar de novo). Um cuidador não deve ter uma relação excessivamente íntima com quem está sendo cuidado/paciente, afinal, um dia o cuidador vai embora e isso pode trazer sérios impactos para ambos. Portanto, pergunte, ajude e pergunte de novo.

Adaptado do livro The Revised Fundamentals of Caregiving, de Jonathan Evison, temos Benjamin (com o ótimo Paul Rudd) um recém cuidador que procura esquecer uma tragédia familiar por meio do trabalho. Benjamim é um homem quebrado que enxerga em Trevor (Craig Roberts), um jovem com distrofia muscular de Duchenne, uma maneira de não só melhorar a si mesmo, mas também mostrar ao garoto que há um mundo lindo e estranho lá fora e que a doença não o impede de vivenciar tudo isso. Em suma, parece autoajuda de escritor com um pouco mais de talento, o que de fato é, mas que ganha um contorno leve e engraçado com as duas ótimas performances da dupla interpretada por Paul Rudd e Craig Roberts. Opa, já vimos algo semelhante em Intocáveis, não é? Quem se importa? Bacana é vermos o tema "inclusão" ser debatido com mais frequência e de maneira leve e engraçada.

Amizades Improváveis é emocionante e brinca com sutileza em torno das mazelas humanas. Se Trevor não tem a mobilidade que deseja para viver plenamente sua juventude, Benjamim perdeu a habilidade de viver. Após essa deliciosa jornada eles continuarão com as mesmas cicatrizes da vida, pois elas não vão sumir, mas é possível conviver bem com elas e sorrir, afinal, não tem coisa melhor no mundo que fazer xixi em pé. Desculpem meninas, não é machismo. Assista e entenderá.