Geraldinos

A geral do Maracanã era um espaço para a magia, a loucura, a diversidade, os palavrões, as insatisfações e era a identidade do futebol brasileiro. Claro que alguém não gostava de saber que nossa foto, na identidade do futebol, era de um criolo sem dente, trajando apenas um chinelo havaianas (outro já tinha sido arremessado em campo) e com uma camisa puída e desbotada do Mengão. Acho que a elite do futebol tinha lá uma vergonha de olhar no espelho e ver quem somos de fato, os brasileiros.
Para que ama futebol, Geraldinos chega a doer. O Geraldino de ontem virou o Butequino, que hoje assisti aos jogos no buteco da esquina. Ou o Peipervino, que faz um gato é libera os canais pay-per-view e assim pode acompanhar todos os jogos do time de coração. Se outrora o Geraldino pagava um real para entrar no "Maraca", agora ele pirateia e sucateia o amor pelo time. É como namorar por carta o resto da vida, mesmo sabendo que a amada mora no quarteirão de cima. Tão perto, mas ao mesmo tempo, tão distante. Ah, e sem sexo! Pra fuder de vez com todo o prazer.
Geraldinos mostra um tempo em que os estádios possuíam loucos por futebol, ou mesmo loucos pelo clima do futebol, pois alguns, de tão nervosos, nem assistiam aos jogos. Hoje temos um bocado de gente que gosta e até ama seus respectivos times, mas os enlouquecidos, esses estão do lado de fora . Estão lá do lado do estádio, mas agora vendendo latinhas, churrasquinho, sacolé e escutando a peleja pelo rádio. Estamos vivendo a segunda colonização européia no Brasil. Triste e segregador.

Geraldinos (2015)
Direção: Pedro Asbeg, Renato Martins
http://www.imdb.com/title/tt4727594/

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