Sense8 - 1ª Temporada
"E então eu acordo de manhã e saio
E respiro profundamente
E eu fico realmente bem
E eu grito do máximo dos meus pulmões
O que está acontecendo? "
É com um trecho traduzido da canção What's Up, do 4 Non Blondes, que creio conseguir sintetizar o que é Sense8. Complexo, não acha? Eu também não sei o que está acontecendo. Não sei como Os Wachowski (Andy e Lana) conseguiram criar algo tão raro, singelo, poético, bonito e extremamente moderno. Alguns ficarão apenas com a impressão rasa que a série é um manifesto GAY travestido de ficção científica. Quanta miopia. Sense8 é algo tão a frente do seu tempo, com discussões tão fora da caixa, que imploro para que a série tenha a audiência necessária para que Os Wachowski's concluam o que desejam dizer.
São oito pessoas pelo mundo (Chicago / Londres / Berlim / Nairobi / Cidade do México / Bombaim / Seul / São Francisco) que estão conectadas não se sabe porquê. O modo como a série trabalha a comunicação e a sintonia entre os oito é algo surreal. Perceba como uma cena entra em outra, sobretudo usando raccords sonoros, e um personagem começa escutar ou sentir coisas de outro personagem. É cinematograficamente lindo, mas só perde para maneira espetacular como a produção conseguiu filmar diversas cenas, com todos os atores, em todas essas oito cidades. É um trabalho de produção inimaginável.
Mas Sense8 se destaca mesmo é por sua temática. Temos transexuais, gays, lésbicas, negros, hispânicos, asiáticos, indianos, brancos europeus e brancos americanos. Nessa salada de fruta étnica temos discussões profundas e contundentes, que machucam o espectador. O emblemático progresso asiático dos últimos anos mascara a forma como as mulheres são tratadas. A disparidade entre o mundo moderno e a pobre e violenta realidade da África. O conflito entre tradição, religiosidade e modernidade na Índia. O machismo latino americano que amedronta os homossexuais. Ou mais profundo ainda, um transexual (um homem que se tornou uma mulher) que se apaixona por um mulher, que é lésbica. Denso, complexo e que afronta as suas convicções pessoais e te faz abrir a cabeça e pensar: Eu não sei bem o que está acontecendo, mas não acho tão estranho assim. Você acha?
É claro que o elemento primordial que une os oito é o amor, em suas diferentes variações. Como bem prega o cristianismo, no fundo somos todos irmãos. Os Wachowski's propiciam uma viagem inusitada, única e que certamente, o fará repensar a forma como enxerga as pessoas no mundo. O problema de uma pessoa, mesmo que seja em Cingapura, na Mongólia, no Chipre ou na Nicarágua, são como os meus. Por que eu não penso nele, já que somos todos filhos de uma mesma mãe (Daryl Hannah seria a natureza?) morando sob o mesmo teto (entenda planeta Terra)?
Sense8 é tocante e, a cena abaixo com canção do 4 Non Blondes (citação Magnólia?), dilacera o espectador e mostra que Os Wachowski's são muito mais que diretores de filmes de ação (Trilogia Matrix, Speed Racer). A revolução que as séries de TV estão promovendo tem um capítulo especial em relação ao Netflix, e certamente terá um parágrafo para Sense8. Resta saber se o lado Sci-Fi da história será tão esplêndida quanto essa humanizante primeira temporada. Como diz o 4 Non Blondes:
"E eu oro oh meu Deus, eu oro
Eu oro todo dia
Por uma revolução"
Minhas preces foram atendidas e chama-se Sense8.
Sense8 (2015)
Direção: J. Michael Straczynski, Andy Wachowski, Lana Wachowski
http://www.imdb.com/title/tt2431438/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
-
E respiro profundamente
E eu fico realmente bem
E eu grito do máximo dos meus pulmões
O que está acontecendo? "
É com um trecho traduzido da canção What's Up, do 4 Non Blondes, que creio conseguir sintetizar o que é Sense8. Complexo, não acha? Eu também não sei o que está acontecendo. Não sei como Os Wachowski (Andy e Lana) conseguiram criar algo tão raro, singelo, poético, bonito e extremamente moderno. Alguns ficarão apenas com a impressão rasa que a série é um manifesto GAY travestido de ficção científica. Quanta miopia. Sense8 é algo tão a frente do seu tempo, com discussões tão fora da caixa, que imploro para que a série tenha a audiência necessária para que Os Wachowski's concluam o que desejam dizer.
São oito pessoas pelo mundo (Chicago / Londres / Berlim / Nairobi / Cidade do México / Bombaim / Seul / São Francisco) que estão conectadas não se sabe porquê. O modo como a série trabalha a comunicação e a sintonia entre os oito é algo surreal. Perceba como uma cena entra em outra, sobretudo usando raccords sonoros, e um personagem começa escutar ou sentir coisas de outro personagem. É cinematograficamente lindo, mas só perde para maneira espetacular como a produção conseguiu filmar diversas cenas, com todos os atores, em todas essas oito cidades. É um trabalho de produção inimaginável.
Mas Sense8 se destaca mesmo é por sua temática. Temos transexuais, gays, lésbicas, negros, hispânicos, asiáticos, indianos, brancos europeus e brancos americanos. Nessa salada de fruta étnica temos discussões profundas e contundentes, que machucam o espectador. O emblemático progresso asiático dos últimos anos mascara a forma como as mulheres são tratadas. A disparidade entre o mundo moderno e a pobre e violenta realidade da África. O conflito entre tradição, religiosidade e modernidade na Índia. O machismo latino americano que amedronta os homossexuais. Ou mais profundo ainda, um transexual (um homem que se tornou uma mulher) que se apaixona por um mulher, que é lésbica. Denso, complexo e que afronta as suas convicções pessoais e te faz abrir a cabeça e pensar: Eu não sei bem o que está acontecendo, mas não acho tão estranho assim. Você acha?
É claro que o elemento primordial que une os oito é o amor, em suas diferentes variações. Como bem prega o cristianismo, no fundo somos todos irmãos. Os Wachowski's propiciam uma viagem inusitada, única e que certamente, o fará repensar a forma como enxerga as pessoas no mundo. O problema de uma pessoa, mesmo que seja em Cingapura, na Mongólia, no Chipre ou na Nicarágua, são como os meus. Por que eu não penso nele, já que somos todos filhos de uma mesma mãe (Daryl Hannah seria a natureza?) morando sob o mesmo teto (entenda planeta Terra)?
Sense8 é tocante e, a cena abaixo com canção do 4 Non Blondes (citação Magnólia?), dilacera o espectador e mostra que Os Wachowski's são muito mais que diretores de filmes de ação (Trilogia Matrix, Speed Racer). A revolução que as séries de TV estão promovendo tem um capítulo especial em relação ao Netflix, e certamente terá um parágrafo para Sense8. Resta saber se o lado Sci-Fi da história será tão esplêndida quanto essa humanizante primeira temporada. Como diz o 4 Non Blondes:
"E eu oro oh meu Deus, eu oro
Eu oro todo dia
Por uma revolução"
Minhas preces foram atendidas e chama-se Sense8.
Sense8 (2015)
Direção: J. Michael Straczynski, Andy Wachowski, Lana Wachowski
http://www.imdb.com/title/tt2431438/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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