O Lenhador
Pedofilia tratada com seriedade
O Lenhador é um daqueles típicos filmes – limbo de locadora. Fica lá no canto entregue a poeira e ninguém o aluga. Neste filme esta contido uma das melhores analises da psique de ex-presidiários que já conferi no cinema.
Walter é um ex-condenado que após 12 anos de prisão volta à sociedade. Condenado por pedofilia a readaptação ao convívio social é uma tarefa árdua. Na serraria onde trabalha os demais trabalhadores desconhecem seu passado e a reclusão parece ser o caminho mais óbvio para que esta situação permaneça. Interpretado com competência por Kevin Bacon, Walter é homem em conflito consigo e com todo o perigo e o nojo que representa para sociedade. Mesmo após a prisão o estado desconfia de sua regeneração. Abriga-o em um apartamento a cem metros de uma escola primária. Ele ganha a liberdade e também uma dúvida: Será que estou realmente pronto para conviver com crianças?
A liberdade é apenas uma provação. Walter é vigiado por um policial que o visita constantemente. Ele é tratado pelo policial como um doente, uma aberração que deveria ser banida do convívio social. O lenhador é um excelente exercício para a prática do perdão. Até onde perdoamos as pessoas? Até onde se verifica que alguém pagou pelos seus erros? O filme toca com sutileza a não aceitação de ex-condenados pela sociedade, sobre tudo em crimes contra crianças. A exclusão social pode muitas vezes ser um fator determinante para reincidência criminal.
Ao longo do filme Walter enfrenta seus demônios e seus impulsos sexuais. O filme abre uma discussão interessante sobre os desejos e abusos sexuais que acontecem no seio familiar. Algo com acontece com uma freqüência maior do que se imagina na sociedade, mas é ignorada.
Em um ritmo gradativo, mas nunca chato, o filme é dirigido com destreza por Nicole Kassell. Há uma cena que sintetiza toda a batalha interior de Walter, que pode passar despercebida aos olhos menos atentos. Quando Walter espanca um personagem importante que não revelarei para não estragar o filme, percebe-se que em um dos cortes, Walter está espancando ele mesmo. Este meio segundo traduz todo o significado do filme.
Uma obra muito bem realizada com uma atuação pontual de Bacon, que desde que fez Sobre Meninos e Lobos tem se revelado um bom ator. O Lenhador trata de um tema que a sociedade apenas condena e não procurar descobrir onde nasce. Um filme que merece mais atenção e um assunto que merece mais debate.
O Lenhador (2004)
Direção: Nicole Kassell
Elenco: Kevin Bacon, Kyra Sedgwick, Benjamin Bratt.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
O Lenhador é um daqueles típicos filmes – limbo de locadora. Fica lá no canto entregue a poeira e ninguém o aluga. Neste filme esta contido uma das melhores analises da psique de ex-presidiários que já conferi no cinema.
Walter é um ex-condenado que após 12 anos de prisão volta à sociedade. Condenado por pedofilia a readaptação ao convívio social é uma tarefa árdua. Na serraria onde trabalha os demais trabalhadores desconhecem seu passado e a reclusão parece ser o caminho mais óbvio para que esta situação permaneça. Interpretado com competência por Kevin Bacon, Walter é homem em conflito consigo e com todo o perigo e o nojo que representa para sociedade. Mesmo após a prisão o estado desconfia de sua regeneração. Abriga-o em um apartamento a cem metros de uma escola primária. Ele ganha a liberdade e também uma dúvida: Será que estou realmente pronto para conviver com crianças?
A liberdade é apenas uma provação. Walter é vigiado por um policial que o visita constantemente. Ele é tratado pelo policial como um doente, uma aberração que deveria ser banida do convívio social. O lenhador é um excelente exercício para a prática do perdão. Até onde perdoamos as pessoas? Até onde se verifica que alguém pagou pelos seus erros? O filme toca com sutileza a não aceitação de ex-condenados pela sociedade, sobre tudo em crimes contra crianças. A exclusão social pode muitas vezes ser um fator determinante para reincidência criminal.
Ao longo do filme Walter enfrenta seus demônios e seus impulsos sexuais. O filme abre uma discussão interessante sobre os desejos e abusos sexuais que acontecem no seio familiar. Algo com acontece com uma freqüência maior do que se imagina na sociedade, mas é ignorada.
Em um ritmo gradativo, mas nunca chato, o filme é dirigido com destreza por Nicole Kassell. Há uma cena que sintetiza toda a batalha interior de Walter, que pode passar despercebida aos olhos menos atentos. Quando Walter espanca um personagem importante que não revelarei para não estragar o filme, percebe-se que em um dos cortes, Walter está espancando ele mesmo. Este meio segundo traduz todo o significado do filme.
Uma obra muito bem realizada com uma atuação pontual de Bacon, que desde que fez Sobre Meninos e Lobos tem se revelado um bom ator. O Lenhador trata de um tema que a sociedade apenas condena e não procurar descobrir onde nasce. Um filme que merece mais atenção e um assunto que merece mais debate.
O Lenhador (2004)
Direção: Nicole Kassell
Elenco: Kevin Bacon, Kyra Sedgwick, Benjamin Bratt.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
Caro Gilvan,
ResponderExcluirRealmente um filme muito questionador. Além da sequência que citaste sobre ele bater em si mesmo, há aquela no parque onde ele vê o estrago que seus desejos podem fazer em outras pessoas. Filme muito bom mesmo!
abraços e continue o bom trabalho...e antes que perguntes: to sem escrever, porque estou no final do semestre...e ta complicado :-)
ps: não tem como colocar aquele sistema de ter que digitar umas letras? Esses spams são um saco.
Sistema já colocado. O filme é muito bom, merece mais publicidade boca a boca.
ResponderExcluirVamo acabar com ese semestre rápido.
Gilvan, gostei muito desse filme, da abordagem diferente sobre o tema. Acho que a cena do espancamento traduz o que a diretora quis passar.
ResponderExcluirConcordo com vc: Kevin Bacon resolveu se destacar como ator desde Sobre Meninos e Lobos.
Um abraço!