Casshern
Um deleite visual
Assistir Casshern é perceber o quanto o cinema asiático está evoluindo. Produzido no Japão o longa apresenta uma surpreendente evolução tecnológica na inteiração entre animação em CG(Computação Gráfica) e atores reais. Esta inteiração entre atores reais e animação é conhecida como Live Action, mas não consegui averiguar a real definição desse termo. Isso dá uma boa discussão aqui nos comentários.
O filme foi realizado em maior parte em blues screen, uma tela azul onde os atores contracenam e posteriormente é adicionado as CGs. Este recurso é muito usado nas produções atuais, mas em apenas em algumas seqüências. O uso extenso deste recurso durante o filme ficou famoso com George Lucas e os novos episódios da série Star Wars. Na verdade este recurso já tinha sido usado anteriormente em Vidocq (disponível em DVD) do diretor Pitof e Immortel de Enki Bilal. A notoriedade desta utilização veio através de Capitão Sky e o Mundo de Amanhã de Kerry Conran. Mesmo não sendo filmes espetaculares são obras obrigatórias para conhecer o processo de evolução tecnológica e estética que o cinema está percorrendo neste campo. Esse contexto é importante para entender a importância de Casshern para o cinema.
Após 50 anos em guerra, a Federação Oriental derrota a Europa e domina o continente Euro-Asiático. O caos pós-guerra está estabelecido e a sociedade definha-se frente ao governo opressor. O geneticista Dr. Azuma preocupado com as novas doenças e as mazelas sociais apresenta uma pesquisa capaz de rejuvenescer o corpo humano. Por trás da proposta Dr. Azuma esconde a necessidade de salvar a esposa adoentada. Em paralelo o filho, Tetsuya, serve o exército e conhece as atrocidades que a guerra produz. Da junção das duas estórias nasce uma trama totalmente Sci-fi (Ficção Científica) e o herói Casshern. Claramente não vou adiantar mais nada, corre na locadora e aluga.
O filme é um deleite visual e estético incomparável. O que difere Casshern dos outros filmes que utilizam os mesmos princípios de produção é opção pelo enredo. A produção japonesa entende perfeitamente que os recursos gráficos devem agregar a trama e não ser uma mera exposição das possibilidades tecnológicas dos CGs. Apesar do trailer tentar vender um filme de ação, ele não é. Há uma discussão sobre o que são as guerras e as conseqüências que ela proporciona no comportamento humano.
O trabalho do diretor Kazuaki Kiriya deve ser reconhecido. Agradeci-o ao perceber que minha simpatia estava toda para o antagonista, o vilão, apesar de reconhecer os valores e intenções de Cassheern. O filme nos leva a uma grata interrogação: Quando estamos em guerra, será que realmente estamos do lado certo? Isso me fez perceber por que optara pelo caminho do antagonista, caminho no qual Casshern é convidado a trilhar. Neste grande momento do filme não se sabe mais o que é o bem e o que é mal. Maravilha. Numa guerra não há bem nem mal, só há desgraça.
O filme tem seus equívocos que não o comprometem tanto. As seqüências de batalhas de Casshern são muito bem realizadas e montadas, mas transparecem uma visão demasiadamente irreal dos personagens. Ele corre feito o papa léguas e é forte como o Hulk sem mesmo ter um poder especial para isso. Esteticamente é maravilhoso, mas foge um pouco do universo tão bem construído ao longo do filme.
Por outro lado a montagem frenética e com intervenções de flash frames (cenas rápidas que são inseridos ao longo do filme) e CGs é muito bem feita. A trilha sonora é algo a ser notado. Os japoneses em especial conseguem como ninguém agrupar beats eletrônicos e sons de guitarra, que nas seqüências de ação ganham um ritmo quase de videogame. Tem algumas músicas mais clássicas que em momentos dramáticos funcionam muito bem.
Casshern é outra amostra do crescimento do cinema asiático. Mesmo que sigam os moldes do cinema americano, a forma com que eles pensam o mundo soa diferente em seus filmes. Um bom filme de ficção científica com efeitos tecnológicos surpreendentes que, sobretudo discute com propriedade as guerras. Continuo afirmando: Fiquemos de olho no oriente. Estão nascendo filmes espetaculares que aos pouco podem mudar o modo como enxergamos o cinema. Prova disso é a distribuição em DVD do filme no Brasil. O mercado já está percebendo como eles estão crescendo.
Casshern (2004)
Direção: Kazuaki Kiriya
Elenco: Yusuke Iseya, Kumiko Aso, Akira Terao, Kanako Higuchi, Fumiyo Kohinata.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
Assistir Casshern é perceber o quanto o cinema asiático está evoluindo. Produzido no Japão o longa apresenta uma surpreendente evolução tecnológica na inteiração entre animação em CG(Computação Gráfica) e atores reais. Esta inteiração entre atores reais e animação é conhecida como Live Action, mas não consegui averiguar a real definição desse termo. Isso dá uma boa discussão aqui nos comentários.
O filme foi realizado em maior parte em blues screen, uma tela azul onde os atores contracenam e posteriormente é adicionado as CGs. Este recurso é muito usado nas produções atuais, mas em apenas em algumas seqüências. O uso extenso deste recurso durante o filme ficou famoso com George Lucas e os novos episódios da série Star Wars. Na verdade este recurso já tinha sido usado anteriormente em Vidocq (disponível em DVD) do diretor Pitof e Immortel de Enki Bilal. A notoriedade desta utilização veio através de Capitão Sky e o Mundo de Amanhã de Kerry Conran. Mesmo não sendo filmes espetaculares são obras obrigatórias para conhecer o processo de evolução tecnológica e estética que o cinema está percorrendo neste campo. Esse contexto é importante para entender a importância de Casshern para o cinema.
Após 50 anos em guerra, a Federação Oriental derrota a Europa e domina o continente Euro-Asiático. O caos pós-guerra está estabelecido e a sociedade definha-se frente ao governo opressor. O geneticista Dr. Azuma preocupado com as novas doenças e as mazelas sociais apresenta uma pesquisa capaz de rejuvenescer o corpo humano. Por trás da proposta Dr. Azuma esconde a necessidade de salvar a esposa adoentada. Em paralelo o filho, Tetsuya, serve o exército e conhece as atrocidades que a guerra produz. Da junção das duas estórias nasce uma trama totalmente Sci-fi (Ficção Científica) e o herói Casshern. Claramente não vou adiantar mais nada, corre na locadora e aluga.
O filme é um deleite visual e estético incomparável. O que difere Casshern dos outros filmes que utilizam os mesmos princípios de produção é opção pelo enredo. A produção japonesa entende perfeitamente que os recursos gráficos devem agregar a trama e não ser uma mera exposição das possibilidades tecnológicas dos CGs. Apesar do trailer tentar vender um filme de ação, ele não é. Há uma discussão sobre o que são as guerras e as conseqüências que ela proporciona no comportamento humano.
O trabalho do diretor Kazuaki Kiriya deve ser reconhecido. Agradeci-o ao perceber que minha simpatia estava toda para o antagonista, o vilão, apesar de reconhecer os valores e intenções de Cassheern. O filme nos leva a uma grata interrogação: Quando estamos em guerra, será que realmente estamos do lado certo? Isso me fez perceber por que optara pelo caminho do antagonista, caminho no qual Casshern é convidado a trilhar. Neste grande momento do filme não se sabe mais o que é o bem e o que é mal. Maravilha. Numa guerra não há bem nem mal, só há desgraça.
O filme tem seus equívocos que não o comprometem tanto. As seqüências de batalhas de Casshern são muito bem realizadas e montadas, mas transparecem uma visão demasiadamente irreal dos personagens. Ele corre feito o papa léguas e é forte como o Hulk sem mesmo ter um poder especial para isso. Esteticamente é maravilhoso, mas foge um pouco do universo tão bem construído ao longo do filme.
Por outro lado a montagem frenética e com intervenções de flash frames (cenas rápidas que são inseridos ao longo do filme) e CGs é muito bem feita. A trilha sonora é algo a ser notado. Os japoneses em especial conseguem como ninguém agrupar beats eletrônicos e sons de guitarra, que nas seqüências de ação ganham um ritmo quase de videogame. Tem algumas músicas mais clássicas que em momentos dramáticos funcionam muito bem.
Casshern é outra amostra do crescimento do cinema asiático. Mesmo que sigam os moldes do cinema americano, a forma com que eles pensam o mundo soa diferente em seus filmes. Um bom filme de ficção científica com efeitos tecnológicos surpreendentes que, sobretudo discute com propriedade as guerras. Continuo afirmando: Fiquemos de olho no oriente. Estão nascendo filmes espetaculares que aos pouco podem mudar o modo como enxergamos o cinema. Prova disso é a distribuição em DVD do filme no Brasil. O mercado já está percebendo como eles estão crescendo.
Casshern (2004)
Direção: Kazuaki Kiriya
Elenco: Yusuke Iseya, Kumiko Aso, Akira Terao, Kanako Higuchi, Fumiyo Kohinata.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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