Presságios de Um Crime

O longa tem um ar inevitável de O Silêncio dos Inocentes, por conta de Hopkins, mas a montagem e a maneira como a história é contada remete claramente a Seven. O longa é um daqueles suspenses policiais sombrios que você sabe que algo não vai dar certo no final. Ainda que tenha tropeços, que vou falar em seguida, o aspecto sobrenatural dos presságios são muito bem orquestrados e me surpreenderam. Normalmente as produções tendem a escorregar quando seguem nessa linha.
Temos uma boa história, mas que é mal contada. O problema está justamente na direção, que não consegue balancear e equacionar a trama e dar peso onde ela merece. O filme não consegue criar um laço tão profundo entre o trio do FBI ao ponto em que o roteiro precisa matar um deles. Esse impacto soa artificial e fica pior com a suposta relação paternal que o Dr. John (Hopkins) terá com agente Katherine Cowles (com a fraca Abbie Cornish). Então temos o confronto do bandido e o mocinho, mas ao contrário do que se imagina, eles não estão em lados opostos, atuam do mesmo lado, da mesma forma e tem a mesma proposta. Essa ideia brilhante do roteiro é muito mal trabalhada. Se era para copiar Seven, copia direito e faz o vilão se relacionar com John ao longo do filme inteiro.
Presságios de Um Crime tinha um baita potencial e que com mais esmero poderia figurar na plateleira dos melhores filmes de suspense dos últimos anos. Esbarrou numa direção ainda sem as cicatrizes de um David Fincher, mas que com o tempo virão ao bom diretor Afonso Poyart. É importante lembrar que Fincher debutou no cinema com o criticado Alien3 e só depois fez Seven. Era pra ser um filme duas estrelas, mesmo eu me divertindo com ele, mas graças ao ótimo final, conseguiu a terceira estrelinha. Até eu fiquei feliz com essa estrela. Juro que não consegui antecipar esse final. O filme merece ser visto e ser criticado também, afinal, podia ter sido muito mais.

Presságios de Um Crime (2015)
Direção: Afonso Poyart
http://www.imdb.com/title/tt1291570/

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