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God Bless America

Tem dias que dá um vontade louca de ter uma arma e sair atirando naquele seu chefe incompetente, ou naquele vizinho que insiste em estacionar errado o carro e acaba lhe atrapalhando, ou mesmo em um monte de pessoas que nasceram só para avacalhar a existência. Nesse momento, é hora de respirar fundo e tentar esfriar a cabeça. Ligue a TV e tente espairecer com algum tipo de entretenimento escapista e, o que você vê: o show de horrores que a televisão tem feito em nome da audiência. Resta-nos duas opções: ou você tem um ataque, ao estilo Um Dia de Fúria ou tenta se suicidar. Voltemos ao começo do parágrafo, talvez seja interessante tentar eliminar toda essa chatice diária que nos atrapalha.

God Bless America pode ser encarado como uma atualização pós-moderna de Assassinos por Natureza, propiciando uma análise mais profunda e divertida da pobreza que a cultura de massa tem nos enfiado goela abaixo. Evidentemente que sem uma bagagem pop, no que se refere ao mercado de entretenimento nos Estado Unidos, muitas das piadas e críticas não terão um grande efeito nos espectadores.

Em uma determinado debate, Frank e Roxy descarregam críticas ao cinema, literatura, música, tv, em que citam Green Day, Fall Out Boy, Alice Cooper, o filme Juno, a roteirista Diablo Cody, Harry Potter, a saga Crepúsculo entre muitos outros. É uma avalanche deliciosa, mas que só apresenta um bom efeito nos espectadores que compreendem toda essa teia de citações, e que de acordo com a trama, seriam alvos potenciais da dupla de assassinos. Reconheço que dou risadas com os cantores desafinados do American Idol, que no Brasil tem uma versão ainda mais bizarra chamada Ídolos. A eloquência do roteiro é tão bacana, que temi levar um tiro também, pois me vi como alvo em muitos momentos. Será que temos apenas que engolir o que nos é oferecido pela TV?

A proposta do diretor Bobcat Goldthwait (ele interpretava o Zed em Loucademia de Polícia ), que também escreveu o roteiro, é propor um discussão razoável sobre o que andamos assistindo na TV e como isso está afetando a maneira como nos comportamos na vida. Por mais que nosso comportamento cristão não permita, por vezes pensamos: gente assim tem que morrer. E se um sujeito e uma menina rebelde resolvessem botar em prática tal ideia? God Bless America é um filme deliciosamente bizarro e que me remete a literatura ácida de Chuck Palahniuk, que escreveu Clube da Luta. Claro que há o perigo que daqui alguns anos, algum perturbado saia de casa e resolva matar todo mundo em uma loja do McDonalds e o acusem God Bless America de ter influenciado a decisão do lunático matador. Mas se isso acontecer, só vai comprovar a tese do longa: inventamos desculpas culpando o universo da cultura pop para nos esquivar de uma análise real do que de fato é o problema. Ninguém vai sair matando só por que joga God of War, escuta Marilyn Manson ou é fão da série Jogos Mortais. Agora, se você acha que sim, creio que a melhor opção para você seja o suicídio. Ops, melhor eu não indicar isso, vai que alguém aceite a sugestão e me culpem depois por uma tragédia. "Manchete: Bloggeiro é acusado de chefiar culto suicida."

Ps.: Convenhamos, dá uma vontade de matar aqueles adolescentes que vão ao cinema e ficam conversando, chutando a poltrona atrás e não nos deixa assistir o filme. Reconheça?



God Bless America (God Bless America - 2011)
Direção: Bobcat Goldthwait
http://www.imdb.com/title/tt1912398/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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