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O Preço do Amanhã

Com uma premissa saborosa, O Preço do Amanhã é mais uma interessante obra da carreira coesa do diretor Andrew Niccol (Gattaca). Imagine você viver eternamente jovem, com a saúde e o corpo de 25 anos de idade. Entretanto, como tudo na vida tem um preço, você tem que pagar para permanecer vivo. Não existe dinheiro, pois a moeda dessa realidade fictícia é o tempo. Você trabalha e recebe seu salário em semanas, meses ou anos. Você pega um ônibus e ele lhe custa meia hora da sua vida. A questão é simples: Se o cronômetro zerar, você está morto. Niccol, que também assina o roteiro, cria esse cenário para dar uma cutucada, de leve, no nosso modelo capitalista, onde a máxima sempre foi - tempo é dinheiro.

Apesar de saboroso em seu início, o gosto do longa torna-se cansativo, pois o roteiro não ultrapassa a tal cutucada leve. Parece uma comida nova e diferente que nos abre o apetite no começo, mas vai se empalidecendo durante a degustação. Infelizmente, o que sobrava em ambição e ousadia em seu filme anterior, O Senhor das Armas, Niccol parece ter dosado a mão, com uma ficção científica apresentável, de fácil compreensão, mas que teve de receio de entrar para estante das obras primas. No fundo, é uma versão ultra moderna de Robin Wood, que é bem interpretado pelo subestimado Justin Timberlake. Contudo, quem rouba a cena é a exótica beleza Amanda Seyfried, que está lindamente irreconhecível no filme.

O clima de segregação social é sutil demais. Os ricos vivem mais e os pobres lutam para sobreviver. Tudo bem, mas isso já acontece mesmo. Faltou explorar por que os ricos dependem da mão de obra mais pobre.  Não é uma questão de raça suprema, como Hitler analisou equivocadamente aniquilando aqueles que julgava inferior. Os ricos precisam dos pobres vivos para manter a o ciclo funcionando. Executa-se um ou outro, para manter o equilíbrio populacional. A pergunta que ecoa é: E se o número de ricos ficasse insustentável? Eles se matariam?

O Preço do Amanhã é um longa prazeroso de ser visto, mesmo que o roteiro escorregue aqui ou acolá. Ele se assemelha ao bom Os Agentes do Destino, que também tem seu quinhão de tropeços. Fica um ar de frustração ao perceber um material tão original, nas mãos de um ótimo diretor e ainda assim não rende aquele filmaço antológico. Aposto, que se fosse adaptado para série de TV, daria algo muito mais sugestivo. Quem sabe?


O Preço do Amanhã (In Time - 2011)
Direção: Andrew Niccol
http://www.imdb.com/title/tt1637688/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com -

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