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John Carter

A expectativa já transbordava durante a produção da ficção John Carter - Entre Dois Mundos, em virtude do projeto ser dirigido por Andrew Stanton, o talentoso diretor da Pixar de Procurando Nemo e Wall-E. A Disney apostou alto no filme, esperando transformar os mais de dez livros da personagem título, criada por Edgar Rice Burroughs em 1912, em uma extensa franquia de filmes, ao estilo Piratas do Caribe. Infelizmente, o longa não se sai bem como entretenimento e frustra os ansiosos cinéfilos que aguardaram o primeiro filme live-action de Stanton.

John Carter - Entre Dois Mundos não é totalmente ruim, só é menor do que aquilo que os produtores queriam que ele fosse. A mistura de faroeste e ficção científica é bem orquestrada e o argumento utilizado para explicar a ida de Carter, da Guerra Civil norte-americana para o planeta Marte, se sustenta muito bem. O grande problema com os filmes de fantasia é a natural comparação com as obras já clássicas, como a saga Star Wars, a Trilogia Senhor do Anéis e até o recente Avatar. Para chegar perto dessas obras de arte é preciso muito mais que milhões em investimento. Primeiramente, é preciso de uma história em que o espectador deixe a poltrona do cinema e entre no mundo fantasioso que é apresentado. Em nenhum momento do roteiro o espectador se sente parceiro ao lado de John Carter. A personagem cai de uma hora para outra em Marte e alguns minutos depois já está apaixonado e decidindo uma guerra. É tudo muito rápido, sem o tempo necessário para quem assiste degustar o sabor da narrativa.

O filme também perde muito em suas equivocadas escolhas estéticas. Como bem salientou Pablo Villaça em sua crítica sobre o longa, os seres denominados Tharks são visualmente interessantes, mas apesar de possuírem quatros braços, esses membros a mais não são utilizados com criatividade por parte da equipe de animadores e efeitos visuais. Se tenho quatro braços, imagine lutar contra quatro espadas. Seria sensacional. Os animadores não pensaram nisso.  Os Thark, que aparentemente são os seres menos evoluídos do planeta, utilizam armas de fogo. Enquanto os humanos das cidades em guerra, Helium e Zodanga, que apesar de toda a tecnologia e voarem utilizando a luz solar como combustível, ainda usam espadas. Sem contar a bagunça nas cenas de batalhas, em que não se consegue distinguir quem defende qual cidade. Outro erro do roteiro é explicar de maneira muito superficial os semi-deuses chamados de Therns, que possuem um papel fundamental na conclusão da trama.

Fica claro que alguns equívocos narrativos e arrestas na concepção das personagens, possivelmente, seriam tratados nas continuações do longa. Pelo o resultado da bilheteria, não há muita chance que isso aconteça. Entretanto, se é para criar um franquia de filmes, o primeiro precisa ser avassalador e convidar os espectadores a conhecer mais o universo de John Carter. Veja o exemplo de Avatar.  Andrew Stanton escolheu um desafio ousado demais como primeiro filme live-action para sua carreira, e começou mal. Aquilo que os filmes da Pixar primam, a beleza e profundidade do roteiro, foi justamente o ponto crucial de John Carter - Entre Dois Mundos. Honestamente, eu esperava alguns erros, menos esse.



John Carter - Entre Dois Mundos (John Carter - 2012)
Direção: Andrew Stanton
http://www.imdb.com/title/tt0401729/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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