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Poder Sem Limites

Filmes de super heróis estão em alta e agradam muito o bolso dos estúdios americanos. Contudo, é bem mais fácil se apoiar numa história em quadrinho com anos de sucesso e fazer uma adaptação para telonas. Criar algo realmente novo e ainda assumir uma estética diferente para contar o surgimento de um novo herói, isso sim é ousadia. Poder Sem Limites é uma deliciosa diversão, que discute de maneira simples, mas inteligente, como nós humanos lidamos com o poder. Imagina voar, seria delicioso. Imagine arrancar os dentes daquele seu inimigo que você odeia, com um simples pensamento? Tudo isso é possível para esses três garotos.

Optando inteligentemente por uma estética documental, com os atores carregando câmeras e filmando, a direção de Josh Trank capta a profundidade das personagens e suas reflexões diante dos poderes adquiridos. Sagaz, ele opta por também incrementar a tela, sobretudo na sequência final,  com cenas de celulares, câmeras de monitoramento, a cobertura da mídia, tudo o que for audiovisual. O recurso estético está ali para agregar uma camada narrativa ao filme, como em REC e Cloverfield, e não apenas para servir de muleta visual, como em Atividade Paranormal. Perceba que após dominarem os poderes, os garotos tornam a câmera independente, e ela segue voando registrando a ação do grupo. O excelente roteiro propicia essa amarração da técnica com a história, e o espectador concorda com a proposta.

Bacana é ver como no grupo, gradativamente, podemos perceber a mudança da personalidade com os crescimento dos poderes. O que difere o vilão e o herói não são os poderes, mas sim as intenções. Logo cedo já se consegue perceber as bases que sustentam a criação do vilão do filme, Andrew. O roteiro de Max Landis busca o ingrediente do ódio no já batida prática de bullying, muito comum em jovens deslocados. Imagine aquele menino que sempre apanhou com poderes para matar todos os seus antigos algozes? Mas e se um dos seus algozes for seu pai? O mal e o bem caminham muito próximo e, é num determinado ponto que eles se divergem, se distinguem. Isso me remeteu na hora ao filme Corpo Fechado.

Em Poder Sem Limites o herói nem tem uma identidade. Ele só se vê herói após ter agido para combater o vilão. Mas ele não queria combatê-lo, ele não queria matá-lo, pois ele ama o vilão. Tamanha densidade abre um leque de possibilidades infindáveis para essa franquia. O filme funciona como uma primeira revistinha. São tantas perguntas sem respostas, mas você não vê a hora de ler ou ver a próxima edição. Cabe agora esperar, que venha as continuações.




Poder Sem Limites (Chronicle - 2012)
Direção: Josh Trank
http://www.imdb.com/title/tt1706593/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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