Precisamos Falar Sobre o Kevin
Ter um filho, dizem os pais, é uma experiência maravilhosa. Claro que criá-lo é um desafio diário em virtude das soluções que é preciso encontrar nos diferentes períodos da vida, desde de recém nascido, criança e adolescente. Precisamos Falar Sobre o Kevin narra as dificuldades de uma mãe em criar o filho e os impactos dessa criação na formação da personalidade dele. É importante pontuar que Kevin é um jovem assassino que executa diversos colegas da escola em um massacre.
Já na gestação Eva (Tilda Swinton) não parece muito entusiasmada com a graça de ser mãe. Ela queria estar em outro lugar, passeado e bebendo vinho do que ficar com outras grávidas fazendo ginástica ou realizando pré-natal. Ela está longe de ser um exemplo de maternidade, cujo o roteiro mostra constantemente. A pergunta que o filme faz ao espectador durante o longa é: A pessoa nasce um monstro ou ela se torna um monstro?
A diretora Lynne Ramsay, que também assina o roteiro, explora de forma sensível e triste a vida de Eva. A fotografia do longa utiliza o vermelho e o azul para mostrar a natureza psíquica das personagens. Eva anseia pelo azul, que é visto na cor das roupas e na parede do quarto do filho, mas a vida insiste em lhe dar apenas o vermelho, do descontentamento e, mais tarde, da tragédia. O filme acaba sendo um pouco assustador, sobretudo ao apresentar as ações estranhas e perigosas de Kevin enquanto criança. Com mais de dez anos ele ainda usa fraldas, só pelo puro prazer de proporcionar mais trabalho e sacrifício para mãe. E Tilda Swinton dá um banho de atuação. Seu olhar frio, sem sonhos, seu corpo esquio e quase sem vida, sua cor opaca, jogam na tela todo o sofrimento da personagem. Doi ainda mais ver o pai ausente e sem pulso, interpretado pelo sempre excelente John C. Reilly.
A trama, apesar de ficcional, baseado no livro homônimo, traz uma discussão salutar sobre o que nutriu aqueles garotos que promoveram o massacre em Columbine, em 1999, quando dois jovens mataram diversos colegas da escola. Veja o documentário Tiros Em Columbine, de Michael Moore. No Brasil o mesmo ocorreu no massacre de Realengo, quando um jovem invadiu uma escola infantil matando crianças. O que levou esses jovens a fazer isso? Será que faltou amor, atenção, família, ou uma mãe?
Precisamos Falar Sobre o Kevin chega ao ápice em sua cena final, com uma dolorosa e triste conversa entre Kevin e a mãe. A resolução do filme mostra que Eva talvez tenha entendido o que faltou para Kevin torna-se uma pessoa melhor. Infelizmente, ela não sabe se fizesse diferente toda aquela tragédia seria evitada. Cabe a ele pensar daqui para frente, pois o passado está morto. Uma mãe nunca deve desistir de um filho, mesmo se ele for o Kevin. Ou não?
Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin - 2011)
Direção: Lynne Ramsay
http://www.imdb.com/title/tt1242460/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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Já na gestação Eva (Tilda Swinton) não parece muito entusiasmada com a graça de ser mãe. Ela queria estar em outro lugar, passeado e bebendo vinho do que ficar com outras grávidas fazendo ginástica ou realizando pré-natal. Ela está longe de ser um exemplo de maternidade, cujo o roteiro mostra constantemente. A pergunta que o filme faz ao espectador durante o longa é: A pessoa nasce um monstro ou ela se torna um monstro?
A diretora Lynne Ramsay, que também assina o roteiro, explora de forma sensível e triste a vida de Eva. A fotografia do longa utiliza o vermelho e o azul para mostrar a natureza psíquica das personagens. Eva anseia pelo azul, que é visto na cor das roupas e na parede do quarto do filho, mas a vida insiste em lhe dar apenas o vermelho, do descontentamento e, mais tarde, da tragédia. O filme acaba sendo um pouco assustador, sobretudo ao apresentar as ações estranhas e perigosas de Kevin enquanto criança. Com mais de dez anos ele ainda usa fraldas, só pelo puro prazer de proporcionar mais trabalho e sacrifício para mãe. E Tilda Swinton dá um banho de atuação. Seu olhar frio, sem sonhos, seu corpo esquio e quase sem vida, sua cor opaca, jogam na tela todo o sofrimento da personagem. Doi ainda mais ver o pai ausente e sem pulso, interpretado pelo sempre excelente John C. Reilly.
A trama, apesar de ficcional, baseado no livro homônimo, traz uma discussão salutar sobre o que nutriu aqueles garotos que promoveram o massacre em Columbine, em 1999, quando dois jovens mataram diversos colegas da escola. Veja o documentário Tiros Em Columbine, de Michael Moore. No Brasil o mesmo ocorreu no massacre de Realengo, quando um jovem invadiu uma escola infantil matando crianças. O que levou esses jovens a fazer isso? Será que faltou amor, atenção, família, ou uma mãe?
Precisamos Falar Sobre o Kevin chega ao ápice em sua cena final, com uma dolorosa e triste conversa entre Kevin e a mãe. A resolução do filme mostra que Eva talvez tenha entendido o que faltou para Kevin torna-se uma pessoa melhor. Infelizmente, ela não sabe se fizesse diferente toda aquela tragédia seria evitada. Cabe a ele pensar daqui para frente, pois o passado está morto. Uma mãe nunca deve desistir de um filho, mesmo se ele for o Kevin. Ou não?
Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin - 2011)
Direção: Lynne Ramsay
http://www.imdb.com/title/tt1242460/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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Assisti esse filme há dois dias e achei-o SENSACIONAL. Adoro assuntos que envolvem saúde mental, psicologia, mente, cérebro, comportamento e afins.
ResponderExcluirAchei que desde a infância o Kevin se mostrou bastante intransigente, rebelde, seco, frio, manipulador, dissimulado e indiferente com relação aos sentimentos alheios. Desde pequeno ele mostra a que veio, sempre deu pistas aos pais de que era mais do que uma criança desobediente e malcriada. E talvez essa seja a intenção do filme, mostrar indícios que permitam a diferenciação de uma criança sem limites e uma outra doente, portadora de um transtorno de personalidade. Somente olhos bem treinados seriam capazes de observar essa sutileza. E como deve ser difícil para os pais notar e buscar ajuda desde cedo.
A todo o tempo fiquei pensando na mãe, em como seria difícil pra ela lidar com essa questão, pensei em como se sentia dividida pela vontade de amar o filho e o desejo de puni-lo por suas recorrentes atrocidades. E o pai, coitado, era alheio à doença do filho e acabava sendo manipulado por ele que precisava de um ‘protetor’.
O filme bem que podia se chamar ironicamente “precisamos dar uma surra no Kevin”, pena que isso não resolveria seu transtorno de personalidade antissocial.
Desde já eu quero ler o livro que deve ser bem mais detalhado que o filme. Essa semana compro pra ler.
Abraço