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Batman vs Superman: A Origem da Justiça

O aguardado e controverso confronto de Batman versus Superman (BvS) nos cinemas tinha o simples e claro objetivo de ser o primeiro passo para a origem da Liga da Justiça nas telonas. Nesse quesito o longa cumpre sua meta e deixa um gostinho saboroso para os nerds. Mas e o público comum, que não faz ideia quem seja Flash ou Cyborg? Resta-lhes criar essa conexão por meio da Mulher Maravilha. Como filme de passagem, para criar o terreno para um possível "algo maior", BvS tem boas sacadas e funciona. Mas uma produção desse tamanho deveria ser mais ousada do que isso.

O longa não é ruim como a crítica insiste em detratar. Para efeito de comparação, ele é melhor que o primeiro Os Vingadores, da rival Marvel. O grande problema do longa é que o embate principal da trama, Batman versus Superman não é tão intenso e instigante como a expectativa que foi criada em torno da produção. Olha que o Batman de Ben Affleck é a melhor coisa do filme, mesmo com a sombra do ótimo trabalho realizado por Christian Bale na trilogia anterior do Homem Morcego. Mas o dilema está no roteiro frágil em comunhão da direção do limitado Zack Snyder.

ROTEIRO - A dupla de roteiristas é boa, Chris Terrio (Argo), e David S. Goyer (trilogia anterior do Batman), mas imagino que o desafio era gigantesco demais: fazer um bom filme de ação com dois dos mais renomados super heróis dos quadrinhos, dar profundidade e coesão no embate entre eles, e ainda fazer a passagem para construir o universo da DC Comics com a criação da Liga da Justiça. Perceba que a tarefa era das mais complexas. No fundo falta alma no roteiro. Batman teme o alienígena de roupa azul e capa vermelha, pois de fato, basta que o Superman queira e ele pode aniquilar o planeta. A reciproca é verdadeira, pois Superman não aprecia a maneira como Batman atua, sendo o juiz, o juri, dando a sentença e executando o réu. Visões diferentes que não necessitaria sair no tapa para resolver, mas nada como um Lex Lutor para servir de catalisador.

Ainda que o roteiro não consiga fazer com que o espectador entre nessa luta e escolha o seu lado, há boas ideias como a brilhante ligação entre os dois, cuja mãe de ambos se chama Martha. A sequência do sonho de Bruce Wayne, talvez prevendo um futuro apocalíptico, mostra que Superman e Lois Lane são a chave para algo maior nesse novo universo. Na cena, o símbolo ômega de Darkseid, futuro vilão do filme da Liga da Justiça, aparece no sonho.


Ainda mais interessante foi a aparição de Flash, imagina-se viajando no tempo, para alertar Bruce Wayne sobre a importância de temer o Superman. Certamente veremos essa cena no futuro do universo da DC Comics. O roteiro ainda tem a coragem de inserir Apocalypse, vilão famoso das HQs, e dar um tom trágico ao fim do filme. Poxa são louváveis essas ideias, mas mesmo com 2h31 de projeção, faltou tempo para desenvolver melhor os personagens e seus embates. Por exemplo, as consequências do incidente no Capitólio mereciam um "fuzuê" midiático mais opressor em relação a imagem do Superman.

Aqui faço uma ressalva ao excesso de marketing para vender o filme antes do seu lançamento. Nos diversos trailers de BvS ficamos sabendo da presença da Mulher Maravilha e do vilão Apocalypse. Imagine se eu não soubesse dessas informações, como seria o impacto do roteiro nos espectadores? É preciso repensar as estratégias de vender o filme por meio de trailers que acabam contando demais o enredo e surpresas do filme.


DIREÇÃO - Zack Snyder tinha feito um bom recomeço da franquia Superman, em O Homem de Aço, e a Warner achou que ele era o cara certo para fazer um filme pipoca, como muita ação e dar muito dinheiro. Convenhamos, ele sabe fazer isso. Mas eis que surge uma nova onda de filmes pipoca, contudo, com coesão, inteligência e dando muito mais que entretenimento ao público, como em Mad Max e o novo Star Wars: O Despertar da Força. O cinema pipoca está mudando e a Warner apostou em Snyder, um diretor limitado e que faz seus filmes sempre do mesmo jeito. Equivoco semelhantes teve a Marvel com Joss Whedon que capitaneou os dois primeiros Vingadores e não mais seguirá no barco nos próximos capítulos da franquia. Ambos são bons diretores e realizam bons filmes. Produções desse tamanho deveriam ter diretores com as mesmas dimensões, não acha? Afinal, dinheiro para contratar diretores gigantes não é o problema.

Eu assistiria Batman vs Superman: A Origem da Justiça novamente em casa, comendo uma pipoquinha. Isso atesta que o filme é bom e não me incomoda. Mas com adaptações de HQs cinco estrelas como Deadpool, Guardiões da Galáxia e o imbatível Batman: O Cavaleiro das Trevas, o sarrafo está bem lá em cima. Não basta ao filme propor um tom sombrio, mas não ter coragem de ser duro. A tragédia proposta no fim do longa deveria doer de verdade no espectador e para isso, tudo na produção deveria ter sido guiado para esse fim. E por causa dessa tragédia que nasce a Liga da Justiça. O maior erro de BvS é não ter tirado lágrimas em mim quando vi o grande S com o fundo negro. O problema é que os estúdios não tem colhões para passar para o próximo estágio dos filmes de heróis.



Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016)
Direção: Zack Snyder
http://www.imdb.com/title/tt2975590/

  Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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