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A Pele Que Habito

Há poucos cineastas no mundo que conseguiram criar uma forma de registrarem esteticamente suas obras. Pela sutiliza erótica e o vermelho que se abunda na tela sabemos que se trata de uma película de Pedro Almodóvar. Em A Pele Que Habito, o fabuloso cineasta espanhol disse que iria realizar seu primeiro filme de terror. Não é o típico horror com sustos bestas, mas um tratamento milimétrico dos elementos clássicos usados pelo gênero. Veja-o e note a cara de espanto dos espectadores após saírem da sala de cinema. É ou não um filme para assustar?

Inspirado no livro Tarântula, do escritor francês Thierry Jonquet, A Pele Que Habito é uma obra sufocante, na qual cada revelação da trama tende a nos deixar descrentes, dizendo seguidamente: "Não acredito". Quanto menos falar sobre a trama, melhor para o efeito do filme [assista o trailer abaixo]. Seguindo a mesma linha de suspense do longa anterior, Abraços Partidos, a direção de Almodóvar é mais feliz nessa nova empreitada, sobretudo manipulando com vigor a expectativa do público sobre o desenvolvimento das personagens. O cirurgião Robert Ledgard, vivido por Antonio Bandeiras, carrega um semblante triste e carregado logo no início da trama, o que precipita a pergunta: o que aconteceu com esse sujeito? O roteiro vai apresentando gradativamente as várias camadas da história, deixando pequenos elementos que serão avaliados pelo espectador mais tarde. Sorrateiro, Almódovar nos engana, levando-nos a acreditar em algo na primeira metade do filme. Contudo, A Pele Que Habito é outra coisa, totalmente diferente. Para ser sincero, praticamente inimaginável. É possível antecipar em alguns minutos a grande revelação do longa, mas aí, você já está boquiaberto rindo sem graça da ousadia proposta pela trama.

Já arrebatado o espectador ainda precisa ficar mais alguns minutos no cinema, para a conclusão da trama. Ao final, pode-se olhar A Pele Que Habito como um conto de horror permeado pelo sentimento de vingança. Curiosamente, o longa me fez sentir como em Old Boy e Dogville, que usam como mote a vingança. Almodóvar dá mais um passo certeiro na carreira, concedendo-nos um filme inquietante e perturbador. Agora imagine você no lugar do protagonista, vivenciando a última cena do filme? É um pesadelo, que não quero para mim e nem para minha mãe.


A Pele Que Habito (La Piel que Habito - 2011)
Direção: Pedro Almodóvar
http://www.imdb.com/title/tt1189073/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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2 comentários:

  1. Gilvan, ainda não vi o filme, mas pelo trailer, me parece ter influência também do filme "Os Olhos Sem Rosto" (Les Yeux sans visage) do francês Georges Franju.

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  2. Almodóvar e as mulheres, nunca os entenderei. Esse cara é genial e sempre traz uma novidade nos seus filmes. Esse é fantástico.

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