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Gattacca – Experiência Genética

Listas de melhores e maiores filmes sempre geram discussão. A distinção entre as listas está quase sempre vinculada a análise subjetiva que cada pessoa tem sobre um filme. Para uns Cidadão Kane é o maior, para outros, E o Vento Levou. Não importa, o que interessa é o impacto que cada obra tem sobre o espectador. Entretido elaborando minha lista, notei a presença de Gattacca. Considero-o como o melhor filme de ficção científica realizado nos últimos anos. Direção impecável, roteiro praticamente perfeito, boas atuações e sem abuso de efeitos especiais. O que intriga é que raramente o filme é comentado ou listado por cinéfilos.
No futuro, a evolução genética propiciará ao homem erradicar todas as imperfeições congênitas através de fecundação in-vitro e manipulação de DNA. Desta forma, o casal que deseja ter filhos fornece o óvulo e os espermatozóides e recebe um ser humano praticamente perfeito. Como conseqüência desta evolução, os seres humanos concebidos de forma natural são parcialmente segregados da sociedade. Assim, nasce uma nação de homens puros e perfeitos. (Opa, isso não é tão inovador! Hitler já havia pensado nisto antes.) A premissa já é o bastante para se apaixonar pelo enredo, mas o roteiro ainda possui um fio condutor muito eficiente. Vincent é um jovem concebido naturalmente, que ao longo da vida tenta provar para si mesmo que pode vencer suas imperfeições e seu irmão perfeito, concebido in-vitro. Ele deseja ser astronauta e conhecer o espaço. Para isso precisa ingressar em Gattacca, uma empresa de exploração espacial. Um único empecilho, só se admite pessoas geneticamente perfeitas.
A dedicação de Vincent em conseguir o objetivo só é comparável a perfeição do roteiro de Andrew Niccol, que também assume a direção. Todas as particularidades que um bom roteiro precisa ter estão devidamente encaixadas nos momentos apropriados. Pontos de virada, momentos dramáticos, diálogos eloqüentes, a medida certa de um relacionamento amoroso e etc. Que Vincent vai conseguir, todos os espectadores já sabem. Niccoll explora o quanto à realização de Vincent pode ser útil na reflexão de nossas vidas. Não se restringe apenas ao simplismo do menor vencer o maior, mas de como o ser humano consegue superar e vencer seu maior inimigo, si mesmo.
As boas atuações de Ethan Hawke, Jude Law e Uma Thurman dão ainda mais força e intensidade a narrativa. A direção de Niccol não possui virtuosismo. Não há grandes movimentos de câmera, enquadramentos sensacionais ou uma fotografia atípica. Tudo é concebido sem excessos, usando recursos rotineiros, mas explorando-os em pró da narrativa. No DVD, dificílimo de ser achado, vale salientar os extras, que trazem um final alternativo muito interessante, que se encaixa perfeitamente com o conceito. A única tristeza de Gattacca é saber que roteiros e realizadores como Andrew Niccol, estão cada dia mais raros.


Gattacca – Experiência Genética (1997)
Direção: Andrew Niccol
Elenco: Ethan Hawke, Jude Law, Uma Thurman.

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com

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