Perdido em Marte
Perdido em Marte é um dos melhores e mais divertidos filmes da temporada, mas sem dúvida o melhor dos últimos anos do diretor Ridley Scott, cuja última obra contundente foi o bom Os Vigaristas, de 2003, e Falcão Negro em Perigo, de 2001. Portanto, faz tempo que o Sr. Blade Runner não acerta a mão como aqui, nessa espécie de Náufrago do planeta vermelho. Claro que grande parte da força do longa deve-se ao carismático e bom ator, Matt Damon, que fisga o espectador e nos faz torcer por ele, o astronauta Perdido em Marte.
O roteiro possui alguns problemas, como o número excessivo de personagens secundários na Nasa, como a relações públicas interpretada por Kristen Wiig, que pouco agrega à narrativa. Mesmo a tripulação da missão, que ajuda no resgate, nem todos tem uma função forte na trama. Apesar desses adereços, talvez dispensáveis, o filme funciona bem. Senti falta de conflitos psicológicos mais intensos no protagonista, afinal, o cara foi esquecido em Marte e, matematicamente, as chances dele sobreviver eram quase nulas. O sujeito deveria pirar. Tudo indica que o roteiro não quis ser um Náufrago do espaço, ou soar parecido demais com Gravidade, então balanceou os problemas do astronauta em Marte com a complexa operação da Nasa para trazê-lo de volta. Pode até ter faltado profundidade no aspecto psicológico, mas compensou na emoção.
Perdido em Marte é um bom exemplar de ficção científica bem embrulhado com embalgem de cinemão de entretenimento. Ancorado no talento Damon, o filme entrega uma boa reflexão sobre o instinto de sobrevivência do ser humano. Contudo, diferente dos seus parceiros temáticos, Náufrago e Gravidade, que são superiores e cinco estrelas, o que falta em Perdido em Marte é um pouco mais de alma. Sabe uma daquelas cenas que você chora por que o protagonista perdeu a bola de vôlei chamada Wilson? É isso que difere um bom filme, de uma obra de arte.
Perdido em Marte (2015)
Direção: Ridley Scott
http://www.imdb.com/title/tt3659388/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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