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Colegas

Colegas é disparado o filme mais emblemático do cinema brasileiro desde Cidade de Deus e a bilogia Tropa de Elite. Se nos três filmes citados é perceptível a exuberância técnica da produção, em Colegas não há tanto, e até falta, sobretudo na atuação dos atores secundários. O emocionante e engraçado conto do trio Stalone, Aninha e Márcio tem algo sublime que jorra pela tela e deixa o espectador, a cada cena, apaixonado pelo filme. Colegas é um pequeno e jovem clássico do cinema brasileiro e que durante muito anos será lembrado como passo importante da nossa cinematografia.

A escolha temática do diretor e roteirista Marcelo Galvão (do interessante Quarta B), tratando a indiferença peculiar do mundo por meio de jovens com Síndrome de Down, é fundamental para o sucesso da narrativa. Já no primeiro momento o espectador é fisgado a saber o que esse trio de "malucos" vai fazer. A maneira como o mundo enxerga o diferente sempre foi tratada com estranheza e, na maioria das vezes, rotulada como maluquice. Natural e fantástico que a trilha sonora do longa seja ancorado com o maior maluco beleza da música brasileira, Raul Seixas. Ou seja, Colegas em seus minutos iniciais já demonstrar ter uma história instigante, um senso estético estranhamente divertido e uma trilha pra lá de ajustada ao enredo. Pensei: não tem como dar errado. O melhor é que dá muito certo.

É preciso destacar a atuação formidável do trio Ariel Goldenberg (Stalone), Rita Pokk (Aninha) e Breno Viola (Márcio), que apresentam-se muito, mas muito mesmo, melhores que os demais atores do elenco. Ariel ficou famoso pela campanha do #VEMSEANPENN, mas meu destaque vai para Breno, ousado e desbocado. Ele até consegue atribuir um bordão bacana e sacana à Márcio, #Peitinho.

Mas o que me agradou muito neste road movie maluco beleza é a maneira com que Marcelo Galvão inseriu uma bela homenagem a história do cinema e sua importância na vida das pessoas, por meio de pequenas citações feitas pelo trio. Não vou citar todos os trechos, pois deixarei para o leitor testar sua bagagem cinematográfica. Como eles precisam de codinomes nessa aventura, cada um no trio escolhe o nome de uma cor em inglês (Cães de Aluguel). Também há referência ao apresentar a arma (Scarface), uma fala emblemática de Pulp Fiction e uma mórbida cena com ecos de Pscicose. Há muitas outras e me deliciei com cada uma delas.

O mais curioso é que sempre cobrei do cinema brasileiro uma visão mais interna do nosso mundo, dos nosso problemas e assim apresentar para o restante do planeta a maneira como enxergamos a vida. Algo que o cinema argentino já faz com propriedade há algum tempo. O cinema nacional também tem boas obras nesse quesito, como Cinema, Aspirinas e Urubus e Som ao Redor, mas são mais raras. Colegas tem esse frescor argentino que sempre cobrei, e que coincidentemente, ou não, tem sua trama concluída no país hermano.

O filme desse trio maluco beleza é um obra essencial para se divertir, se emocionar e repensar a maneira como observa-se a vida. Afinal, como diz o Márcio, em sua sabedoria à lá Forrest Gump, a vida é como um tapete, as vezes é preciso dar uma chacoalhada.



Colegas (2012)
Direção: Marcelo Galvão
http://blogcolegasofilme.com/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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