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O Espião Que Sabia Demais

Filmes de espionagem são sinônimo de filmes de ação - James Bond, Missão Impossível, Trilogia Bourne. Em O Espião Que Sabia Demais tem-se uma perspectiva um tanto diferente da espionagem pois, espião é inteligente e se expõe pouco. Ou melhor, espião nem é notado. Melhor ainda, aquele senhor que acaba de passar por você, ele é um espião.

Dirigido de maneira invejável por Tomas Alfredson (Deixe Ela Entra), o longa é um milimétrico estudo de personagens cujo tom da narrativa é lento, o roteiro é complexo e as atuações e fotografia demonstram o clima frio e opaco da espionagem durante a Guerra Fria. Gary Oldman (Smiley) interpreta um espião aposentado que investiga a possibilidade de um traidor no centro de espionagem britânica. Comedido, detalhista e sempre sério, Oldman realiza uma interpretação estupenda, que lhe rendeu com justiça indicação ao Oscar.

O Espião Que Sabia Demais é um filme difícil, pois as peças do enredo são apresentadas vagarosamente, cada uma carregada de muita desconfiança e dor. Perceba na feições dos espiões como cada dia parece um parto e raramente vislumbramos um sorriso, ainda que seja de satisfação. Aquele era um mundo hostil em que não se podia confiar em ninguém, nem mesmo no companheiro.

O diretor sueco Alfredson chega ao mainstream do cinema, após o excelente horror Deixe Ela Entra, mostrando muita maturidade e construindo um filme coeso, inteligente e esteticamente arrebatador. A frieza visual da fotografia e das atuações só refletem o estado de espírito das personagens. Mesmo no final, em que Smiley descobre o traidor, sendo esse também amante de sua esposa, ele não reage. Apenas o sentencia com o silêncio. Um filme incomum, audacioso e que mostra um novo diretor que é preciso acompanhá-lo de perto.


O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy - 2011)
Direção: Tomas Alfredson
http://www.imdb.com/title/tt1340800/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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