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Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres

É uma pena que o escritor sueco Stieg Larsson não tenha vivido para acompanhar o sucesso de sua obra, que agora chega aos cinemas, novamente, mas em versão Hollywoodiana. Li o livro, assisti a adaptação sueca para o cinema da trilogia e afirmo, o mérito da versão realizada por David Fincher é ajustar levemente algumas nuances da história. O resultado é um filme eficiente e satisfatório, mas ainda assim fica um gostinho meio estranho ao final.

Diferente a adaptação sueca, em que a presença  Lisbeth Salander rouba o filme, o roteiro da versão americana de Os Homens que Não Amavam as Mulheres procura balancear melhor a participação do jornalista Mikael Blomkvist, interpretado por Daniel Craig, na investigação. Fincher acerta nesse balanço pois sabe que a protagonista da história é Lisbeth Salander, cuja participação será ainda maior nos outros filmes da série. É inevitável a comparação da Salander da atriz Rooney Mara e da versão sueca, da avassaladora Noomi Rapace. No remake americano a Salander tem uma faceta de ternura, mostrando a carência de uma menina que no fundo só queria ser normal. Rooney Mara apresenta uma atuação eficiente e chama atenção pela fragilidade física do seu corpo mirrado, mas que pode ser altamente perigosa se acuada. Ela se mostra como um cachorro de rua que não é notado pelos que passam na rua, mas que pode ser hostil se for atacada e também dócil com quem a trata bem. 

O problema do filme reside na apresentação dos quatro enredos da história: 1 - a disputa judicial de Blomkvist e Wennerström; 2 - a investigação do desaparecimento de Harriet Vanger; 3 - o assassinato das mulheres; e 4 - a história de Lisbeth Salander. Fincher consegue gerir com talento essa equação, mas após a resolução do desaparecimento e os assassinatos, fica difícil voltar para o primeiro enredo e ainda ter mais de 15 minutos de filme. A estrutura narrativa do livro nem sempre funciona bem na telona. Perceba que em função disso o final do longa acaba um tanto arrastado e opaco. O ato final soa como uma demonstração de como Salander é inteligente. Contudo, esse é um ponto destoante inevitável da narrativa que terá uma importância na trama futura da trilogia. Tanto no livro quanto nos dois longas adaptados, esse final sempre me pareceu um tanto murcho.

Os Homens que Não Amavam as Mulheres é um bom filme de suspense e investigação, mas que está longe de obras consagradas do gênero como Seven - Os Sete Pecados Capitais, dirigido pelo próprio Fincher. No fundo a Trilogia Millennium se sustenta por conta de uma das personagens mais exóticas e interessantes dos últimos anos, Lisbeth Salander. Sorte da jovem atriz Rooney Mara que já recebera indicação ao Oscar pela atuação no nesse longa e terá uma boa oportunidade nos próximos filmes para nos mostrar seu talento.


Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo - 2011)
Direção: David Fincher
http://www.imdb.com/title/tt1568346/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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