A Pantera Cor-de-Rosa

Como um filme de comédia do estilo pastelão, o resultado é, definitivamente, acima da média. Mas ao compararmos com a versão de 1963, percebemos algumas deficiências, principalmente no tocante à falta de sutilezas. A Pantera Cor-de-Rosa de Blake Edwards é um filme cômico, mas suave e inteligente. Em alguns momentos, o humor estava em piadas físicas e exageros, mas o tom geral do longa era de uma leveza esperta e charmosa que faz falta nessa versão de Shawn Levy.
Mas vamos deixar as comparações de lado e entrar no filme
Shawn Levy traz a Pantera para o mundo contemporâneo, dando-lhe ares de modernidade. O tema musical, tão conhecido, recebe batidas eletrônicas que agradam o público. A cena rodada no estádio de futebol é magnífica com seus movimentos de câmera arrojados e visões aéreas. O carro modernoso de Clouseau é simpático, assim como é graciosa sua paixão pela internet (apesar de existir uma cena inteira inútil para brincar com isso). Entretanto, uma provável opção mercadológica traz um apelo pop à trama que não condiz com o charme da série original (ok, comparei de novo, mas eu bem que disse que era inevitável...). A figura de Beyoncé funcionou muito bem de acompanhante de Austin Powers, mas aqui parece trazer um peso pop desconectado do clima do inspetor Clouseau. Não que ela esteja ruim, mas sua simples presença dá uma outra atmosfera ao filme. Já Emily Mortimer está muito bem – e fofa – como a secretária do oficial.
A Pantera Cor-de-Rosa diverte e entretém, apesar de não conseguir superar o trabalho da eficiente dupla Blake Edwards/Peter Sellers. Steve Martin tem uma atuação competente e o filme como um todo é agradável e engraçado. Não é a comédia elegante que os antigos fãs esperam, mas é divertida e leve como os novos espectadores procuram.

A Pantera Cor-de-Rosa (The Pink Panther, 2006)
Direção: Shawn Levy
Elenco: Steve Martin, Kevin Kline, Beyoncé Knowles, Jean Reno, Emily Mortimer, Henry Czerny.
Mariana Souto - souto_mariana@yahoo.com.br
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