O Jardineiro Fiel
A África que ninguém quer ver
O Jardineiro Fiel é a primeira incursão do diretor Fernando Meireles (Cidade de Deus) no cinema estrangeiro. Ele começa muito bem. Após assistir ao filme lembrei-me imediatamente de alguns versos do cantor e compositor Seu Jorge que diz: “A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Um dos aspectos mais importantes da arte cinematográfica é a capacidade de sensibilização que ela possui sobre o espectador em um período curto de tempo. Em pouco mais de duas horas, o espectador pode sair da poltrona de cinema modificado, ou ao menos refletindo sobre o assunto pelo filme abordado. Filmes inquietantes e que “cutucam” as formas como concebemos a vida, são essenciais numa sociedade acelerada, sem muito tempo para a reflexão.
Particularmente no último ano fiquei mais sensibilizado sobre o que acontece no continente africano. Primeiro pelo excelente filme Hotel Ruanda , que desenterrou um recente capítulo desastroso da nossa história com o genocídio de cerca de meio milhão de ruandenses. Agora, através de O Jardineiro Fiel, Fernando Meireles mostra o quanto as grandes nações, onde nos incluímos, estão deixando a população africana a parte do mundo.
O filme é uma adaptação do livro, The Constant Gardener de escritor John Le Carré. No filme Justin (Ralph Fiennes) é diplomata inglês no Quênia, que perde a esposa Tessa (Rachel Weizs), uma fervorosa ativista política. Tessa é assassinada enquanto investigava o uso indevido da população carente em testes de um remédio produzido por uma grande corporação farmacêutica. Assassinada brutalmente, Justin que vivia alheio às atividades da esposa, começa a investigar a origem dos fatos que a levaram a morte.
Vamos percorrendo a estória de Justin e Tessa, através dos olhos tristes e frios da atuação de Ralph Fiennes. Alguns espectadores podem reclamar que o filme é frio demais e não comove como deveria. Vejo a sensibilidade fria de Justin, como a visão fria que o mundo tem sobre as atrocidades que acontecem pelo mundo. Justin se esconde do mundo através do seu hobbie por jardinagem, daí a origem do nome O Jardineiro Fiel. A cada fragmento que Justin monta sobre a investigação feita pela esposa, ele vai se dilacerando, sucumbindo diante de tanto horror. Como alguém que é envenenado e sente o corpo gradualmente adormecer, Justin segue seu percurso sem espasmos ou excessos. Ralph Fiennes interpreta com a competência habitual. Não se sobre sai, pois a personagem não permite, mas constrói habilmente o que a personagem necessita. Rachel Weizs é que chama atenção. A moça do bobinho, mas engraçado A Múmia, dá provas de ser uma atriz com potencial. Ela é a antítese de Justin. Uma mulher elétrica e passional. O amor entre eles forma uma síntese, que se não é cativamente e no mínimo verossímil. Meireles consegue explorar bem a diferença entre o casal. Ao final, como realmente em síntese, deixa a mostra como pessoas aparentemente diferentes podem construir algo pleno como o amor. Esta lá, sutil. Não é o tema principal do filme, mas o amor dele que o guia em busca das verdades.
O que torna o filme uma obra obrigatória para todo aquele que aprecia cinema, é que ao longo do filme, também somos dilacerados com os fatos apresentados. Fernando Meireles nos guia com habilidade ao longo da estória. Em conjunto com o diretor de fotografia César Charlone, Meireles constrói um filme belíssimo. Charlone empresta seu enorme talento construindo uma fotografia crua, que explora cores quentes (África = calor) e dá um caráter praticamente documental as seqüências filmadas nas favelas e nos povoados africanos. Parece não haver figurantes. Os atores estão no meio do povo. Câmera na mão e movimentos rápidos levam o espectador a ser mais um habitante da favela ou do povoado. Um trabalho tecnicamente impecável. Meireles e Charlone deixam uma marca no filme, o estilo Brazuca de fazer cinema.
O roteiro é bem conduzido e a edição não linear dá um bom ritmo ao filme, que faz as mais de duas horas de projeção fluir facilmente. Há algumas minúcias no roteiro que me incomodam, algumas cenas desnecessárias, mas são exageros meus. Sou chato com roteiros, assumo.
Uma cena vale ser ressaltada pela sutileza. Os africanos adoram o futebol brasileiro, o que é fato. Meireles faz seu comercial patriótico ao enquadrar um amigo africano de Tessa, vestindo a camisa amarelinha da seleção brasileira. Pode parecer bobagem, mas é uma maneira inteligente e bem feita de mostrar para o mundo que o cinema brasileiro está despontando. Meireles consegue o feito de dois filmes excelentes no currículo (Eu diria três filmes, pois adoro o primeiro filme dele, Domésticas). Não se assustem se os grandes estúdios começarem a disputar a presença do diretor em grandes produções de Hollywood. Apesar do sucesso de crítica, não creio que o filme tenha uma notoriedade para premiações como o Oscar. Politicamente a Academia não premia filmes ácidos quanto a críticas sociais. Mais importante que a ascensão de Meireles ou premiações que o filme mereça, o tema do filme precisa ser melhor discutido pela sociedade. Alguém deve pagar ou morrer pela ascensão ou progresso de outros? “Enquanto o de cima sobe e o debaixo desce” – Chico Science.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
O Jardineiro Fiel é a primeira incursão do diretor Fernando Meireles (Cidade de Deus) no cinema estrangeiro. Ele começa muito bem. Após assistir ao filme lembrei-me imediatamente de alguns versos do cantor e compositor Seu Jorge que diz: “A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Um dos aspectos mais importantes da arte cinematográfica é a capacidade de sensibilização que ela possui sobre o espectador em um período curto de tempo. Em pouco mais de duas horas, o espectador pode sair da poltrona de cinema modificado, ou ao menos refletindo sobre o assunto pelo filme abordado. Filmes inquietantes e que “cutucam” as formas como concebemos a vida, são essenciais numa sociedade acelerada, sem muito tempo para a reflexão.
Particularmente no último ano fiquei mais sensibilizado sobre o que acontece no continente africano. Primeiro pelo excelente filme Hotel Ruanda , que desenterrou um recente capítulo desastroso da nossa história com o genocídio de cerca de meio milhão de ruandenses. Agora, através de O Jardineiro Fiel, Fernando Meireles mostra o quanto as grandes nações, onde nos incluímos, estão deixando a população africana a parte do mundo.
O filme é uma adaptação do livro, The Constant Gardener de escritor John Le Carré. No filme Justin (Ralph Fiennes) é diplomata inglês no Quênia, que perde a esposa Tessa (Rachel Weizs), uma fervorosa ativista política. Tessa é assassinada enquanto investigava o uso indevido da população carente em testes de um remédio produzido por uma grande corporação farmacêutica. Assassinada brutalmente, Justin que vivia alheio às atividades da esposa, começa a investigar a origem dos fatos que a levaram a morte.
Vamos percorrendo a estória de Justin e Tessa, através dos olhos tristes e frios da atuação de Ralph Fiennes. Alguns espectadores podem reclamar que o filme é frio demais e não comove como deveria. Vejo a sensibilidade fria de Justin, como a visão fria que o mundo tem sobre as atrocidades que acontecem pelo mundo. Justin se esconde do mundo através do seu hobbie por jardinagem, daí a origem do nome O Jardineiro Fiel. A cada fragmento que Justin monta sobre a investigação feita pela esposa, ele vai se dilacerando, sucumbindo diante de tanto horror. Como alguém que é envenenado e sente o corpo gradualmente adormecer, Justin segue seu percurso sem espasmos ou excessos. Ralph Fiennes interpreta com a competência habitual. Não se sobre sai, pois a personagem não permite, mas constrói habilmente o que a personagem necessita. Rachel Weizs é que chama atenção. A moça do bobinho, mas engraçado A Múmia, dá provas de ser uma atriz com potencial. Ela é a antítese de Justin. Uma mulher elétrica e passional. O amor entre eles forma uma síntese, que se não é cativamente e no mínimo verossímil. Meireles consegue explorar bem a diferença entre o casal. Ao final, como realmente em síntese, deixa a mostra como pessoas aparentemente diferentes podem construir algo pleno como o amor. Esta lá, sutil. Não é o tema principal do filme, mas o amor dele que o guia em busca das verdades.
O que torna o filme uma obra obrigatória para todo aquele que aprecia cinema, é que ao longo do filme, também somos dilacerados com os fatos apresentados. Fernando Meireles nos guia com habilidade ao longo da estória. Em conjunto com o diretor de fotografia César Charlone, Meireles constrói um filme belíssimo. Charlone empresta seu enorme talento construindo uma fotografia crua, que explora cores quentes (África = calor) e dá um caráter praticamente documental as seqüências filmadas nas favelas e nos povoados africanos. Parece não haver figurantes. Os atores estão no meio do povo. Câmera na mão e movimentos rápidos levam o espectador a ser mais um habitante da favela ou do povoado. Um trabalho tecnicamente impecável. Meireles e Charlone deixam uma marca no filme, o estilo Brazuca de fazer cinema.
O roteiro é bem conduzido e a edição não linear dá um bom ritmo ao filme, que faz as mais de duas horas de projeção fluir facilmente. Há algumas minúcias no roteiro que me incomodam, algumas cenas desnecessárias, mas são exageros meus. Sou chato com roteiros, assumo.
Uma cena vale ser ressaltada pela sutileza. Os africanos adoram o futebol brasileiro, o que é fato. Meireles faz seu comercial patriótico ao enquadrar um amigo africano de Tessa, vestindo a camisa amarelinha da seleção brasileira. Pode parecer bobagem, mas é uma maneira inteligente e bem feita de mostrar para o mundo que o cinema brasileiro está despontando. Meireles consegue o feito de dois filmes excelentes no currículo (Eu diria três filmes, pois adoro o primeiro filme dele, Domésticas). Não se assustem se os grandes estúdios começarem a disputar a presença do diretor em grandes produções de Hollywood. Apesar do sucesso de crítica, não creio que o filme tenha uma notoriedade para premiações como o Oscar. Politicamente a Academia não premia filmes ácidos quanto a críticas sociais. Mais importante que a ascensão de Meireles ou premiações que o filme mereça, o tema do filme precisa ser melhor discutido pela sociedade. Alguém deve pagar ou morrer pela ascensão ou progresso de outros? “Enquanto o de cima sobe e o debaixo desce” – Chico Science.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
Ainda não vi o filme e portanto devo voltar aqui na próxima semana. Mesmo antes de ve-lo posso dizer que fico orgulhoso de ver um diretor brasileiro atuando no maior mercado cinematográfico do mundo e recebendo 5 estrelas do Gilvan. "Cidade de Deus" é um marco da filmografia brasileira. Foi injustiçado em não ter ganho o Oscar, (principalmente pela exelente direção) mas serviu de vitrine para Meireles. Vida longa ao cinema brazuca!!!
ResponderExcluirCaro Gilva,
ResponderExcluirCito-te, "Politicamente a Academia não premia filmes ácidos quanto a críticas sociais." ; e, pergunto-te: e os filmes de Michael Moore? E o status dele em hollywood?
Não consigo concordar com essa colocação!
Abraços...
Olá Carlos,
ResponderExcluirVamos a nossa dicussão.
Fareinnheit 11/09 ganhou alguma coisa no Oscar ? Eu acho que deveria ter ganho a indicação de melhor filme. Nào que seja um bom filme, mas a ousadia dele merecia.
O Tiros em Columbine não tinha jeito mesmo, era disparado o melhor documentário do ano. Mas Michael Moore não é bem quisto em Hollywood. Eles tem que engolir ele por vezes. O proximo documentário dele se chama SICKO, uma critica a estupidez dos planos de saúde nos EUA. Veremos se ele ganha algo.
Na historia recente da Academia o único filme que ganhou e me assustou foi Beleza Americana. Pensei: "Começa uma renovação na Academia." Uma mera ilusão. Quem vence mesmo são os bem enlatados made in USA. A festa é deles para o cinema deles. Amei Menina de Ouro, muito bem realizado. Nos moldes "vou ganhar todos os prêmios". Após conferir Hotel Ruanda, A Queda e finalmente OLD BOY, pensei: Sei não, acho que não foi muito justo o Oscar.
Quando a coisa azeda um pouco, o Oscar parece correr. Quando Gus Van Sant ganhou a palma de Ouro em Cannes com Elephant: Será que o Oscar vai lembrar dele ? Nem citou. O filme é regular, reconheço, mas ao menos o roteiro merece considerações.
Não serei todo negativo. Só o fato de indicarem Cidade de Deus já me deixa contente. O premio está na visibilidade que a indicação dá. Fernando Meireles já dizia: "Essa é a festa deles, vamos nos divertir."
É uma festa de americanos para a industria cinematografica americana. Se um filme como Hotel Ruanda, critica o descaso do mundo, principalmente da AMERICA, para com o genocidio que ocorreu neste país, você acha mesmo que esse filme tem alguma chance de ganhar ?
Ok Gilvan, mas é votação. São milhares de votos, não tem manipular. A festa é pra elevar o cinema dos EUA e assim elevar os EUA junto, nunca o contrário.
Mesmo com Menina Ouro sucitando a questão da Eutanasia, não se pode ver de fato uma discussão sobre o problema pela sociedade. Para na superfície. Os filmes que vencem podem até tocar na ferida, mas cutucar e enfiar o dedo nela, isso nunca.
Deixei meu trunfo na manga(estou brincando hein): Dogville de Lars Von Trier. Me diga por que nem o citaram no Oscar ? Um filme injustiçado, porem "mete o pau" no conceito de bem e mal na sociedade. Intrinsicamente tem uma critica a América nele. Agora que desculpas eles dão, o filme não é ruim ? Se Shakespeare Apaixonado leva Oscar por que Dogville não ?
Essa argumentação é que me levou a escrever a frase por você questionada. Em momento algum quero lhe convecer da minha visão. Acho salutar a discussão. Meu ponto de vista junto a seu ponto de vista pode gerar um novo ponto. Sendo assim conehcimento, o que me interessa nisso tudo.
Agradeço o email e quero ver sua resposta. O blog é feito pra isso, falar e discutir obre cinema. Obrigado por visita-lo
Abraços
Caro Gilvan,
ResponderExcluirPrimeiro quero dizer que há muito tempo não encontrava alguém que fosse fã de um debate verdadeiro, pois quase sempre minhas críticas são rebatidas com aquela atitude arrogante e pedante que é diretamente proporcional a falta de argumentos.
Penso ser importante colocar-te a par de minha visão dos fatos.
Nos EUA há uma diferença clara entre democratas (esquerda) e republicanos (direta). Claro que entre cada uma destas facções há divisões, tanto que GW Bush não é nem de perto extrema-direta, pois fica muito atrás dos libertários (mais informações sobre eles aqui http://www.lewrockwell.com).Porém, embora haja facções, há diferenças básicas entre os grupos: os republicanos tendem lutar pela manutenção dos valores judaico-cristãos - isto é, contra aborto, contra direitos homossexuais, contra células-tronco, contra impostos, a favor do livre mercado -; já os democratas são o inverso: abortistas, a favor do casamento gay, a favor de impostos, a favor de mais controle estatal, etc.
Pois bem, uma analise em hollywood mostra claramente que ela é democrata. Mas não pretendo deixar essa afirmativa no ar, vou tentar enquadrá-la nos filmes que citaste abaixo, porém recomendo a leitura desse post http://www.libertyfilmfestival.com/libertas/index.php?cat=5.
Entendido isso, seguem os comentários:
>>Vamos a nossa dicussão.
>>Fareinnheit 11/09 ganhou alguma coisa >>no Oscar ?
Este filme não ganhou nada no Oscar, mas ganhou Cannes - importante notar -, simplesmente, porque Moore não o inscreveu nele, pois queria que o filme pudesse ser mostrado na TV antes das últimas eleições americanas. Mais informações do próprio site do Moore aqui http://www.michaelmoore.com/words/message/index.php?messageDate=2004-09-06
Porém, essa citação de Moore diz muito sobre sua idéia da possivel recepção que a academia lhe daria [grifo meu]:
“The deadline to submit the film for the documentary Oscar was last Wednesday. I told my crew who worked on the film, let's let someone else have that Oscar.”
Sejamos críticos: Moore que é o rei da crítica diria algo assim, e não sarcástico, se não soubesse da apreciação que a academia tem dele?
>>Eu acho que deveria ter ganho a >>indicação de melhor filme. Nào que >>seja um bom filme,mas a ousadia dele >>merecia.
Farenheit é um embuste, um amontoado de mentiras que não servem para nada. Os democratas ficaram com a moral tão suja ante as mentiras do filme (que podem ser comprovadas nestes links http://www.davekopel.org/terror/fiftysix-deceits-in-fahrenheit-911.htm; http://www.moorewatch.com ) que quiseram romper com ele antes das eleições (como pode ser visto aqui http://www.worldnetdaily.com/news/article.asp?ARTICLE_ID=39905 )
A única ousadia que ele tem é a de ser um tremendo mentiroso cara-de-pau.
>>O Tiros em Columbine não tinha jeito >>mesmo, era disparado o melhor >>documentário do ano.
Mais um amontoado de mentiras (vide link http://www.mooreexposed.com/bfc.html). Há, inclusive, uma petição, ou processo, para retirar o Oscar de Moore, pois há comprovação de que de documentário o filme não tinha nada.
>>Mas Michael Moore não é bem quisto em >>Hollywood. Eles tem que engolir ele >>por vezes.
Eles o adoram, e o aplaudem de pé.
>>O proximo documentário dele se chama >>SICKO, uma critica a estupidez dos >>planos de saúde nos EUA. Veremos se >>ele ganha algo.
Veremos. Mas eu dúvido muito que seja coisa boa.
>>Na historia recente da Academia o >>único filme que ganhou e me assustou >>foi Beleza Americana.
Um filme nihilista que vai de encontro a todos os valores judaico-cristões, como eu bem disse que é característica de Hollywood.
>>Pensei: "Começa uma renovação na >>Academia." Uma mera ilusão. Quem vence >>mesmo são os bem enlatados made in >>USA. A festa é deles para o cinema >>deles. Amei Menina de Ouro, muito bem >>realizado. Nos moldes "vou ganhar >>todos os prêmios". Após conferir Hotel >>Ruanda, A Queda e finalmente OLD BOY, >>pensei: Sei não, acho que não foi >>muito justo o Oscar.
>>Quando a coisa azeda um pouco, o Oscar >>parece correr. Quando Gus Van Sant >>ganhou a palma de Ouro em Cannes com >>Elephant: Será que o Oscar vai lembrar >>dele ? Nem citou. O filme é regular, >>reconheço, mas ao menos o roteiro >>merece considerações.
Aqui, quase não tenho nada para dizer. Assiste ao "Menina de Ouro" e penso que ele está dentro dos moldes democratas, já que demonstra uma persongem feminina masculinizada (feminismo), uma padre babaca e uma eutanásia. O filme certamente não fez apologia a eutanásia, mas, digamos, também não foi contra. Claro que não só de política vive a academia, e inclusive Estwood é um dos diretores que mais gosto.
A Queda tem desigualdades socias? Ou críticas aos americanos? Acho que aqui tu já saiste do escopo da afirmação que tu disseste e que eu critiquei.
Se queres discutir a qualidade artística dos filmes, é outro assunto.
>>Não serei todo negativo. Só o fato de >>indicarem Cidade de Deus já me deixa >>contente. O premio está na >>visibilidade que a indicação dá. >>Fernando Meireles já dizia: "Essa é a >>festa deles, vamos nos divertir."
"Cidade de Deus" é um filme bom, mas só isso. Perdeu para "Mestre dos Mares" e "Senhor dos Anéis", e não vejo aí pavor algum da academia por desigualdades socias, já que ambos os vencedores eram bons filmes, tão bons, ou melhores, quanto Cidade de Deus.
Novamente confusão entre desigualdades socias e valores artísticos?
>>É uma festa de americanos para a >>industria cinematografica americana. >>Se um filme como Hotel Ruanda, critica >>o descaso do mundo, principalmente da >>AMERICA, para com o genocidio que >>ocorreu neste país, você acha mesmo >>que esse filme tem alguma chance de >>ganhar ?
>>Ok Gilvan, mas é votação. São milhares >>de votos, não tem manipular. A festa é >>pra elevar o cinema dos EUA e assim >>elevar os EUA junto, nunca o >>contrário.
Também, aqui, não tenho muito a declarar já que não vi, e me sinto frustrado por isso, Hotel Ruanda. Mas desconfio que se ele realmente mostrasse críticas pesadas a américa certamente estaria no Oscar, como estava Columbine.
>>Mesmo com Menina Ouro sucitando a >>questão da Eutanasia, não se pode ver >>de fato uma discussão sobre o problema >>pela sociedade. Para na superfície. Os >>filmes que vencem podem até tocar na >>ferida, mas cutucar e enfiar o dedo >>nela, isso nunca.
Isso é simples desconhecimento. Digite Terri Schiavo no google e verá que os debates nos EUA sobre eutanásia são acirrados, aliás, como o são em qualquer assunto. Se tiver a foxnews e a cnn na net, basta assistí-las por 10 minutos para ver eles se degladiando na tv. Fiquei chocado, pois no Brasil todo mundo sempre diz o que pensa, mas nunca discorda de nada, enquanto que lá os caras defendem suas idéias com unhas e dentes!
>>Deixei meu trunfo na manga(estou >>brincando hein): Dogville de Lars Von >>Trier. Me diga por que nem o citaram >>no Oscar ? Um filme injustiçado, porem >>"mete o pau" no conceito de bem e mal >>na sociedade. Intrinsicamente tem uma >>critica a América nele. Agora que >>desculpas eles dão, o filme não é >>ruim? Se Shakespeare Apaixonado leva >>Oscar por que Dogville não ?
Bom, Dogville, sinceramente, não sei. Embora eu sinta que o que o faz um grande filme é exatamente a universalidade dos assuntos tratados, visto que em momento algum as condições que levam a toda aquela maldade são mostradas como intrínsicamente americanas. Aquilo podia acontecer em qualquer lugar do mundo, e, talvez, por isso, não tenha recebido nada da academia. Sem contar que ao meu ver Dogville é uma história profundamente religiosa e que o famoso diálogo no carro é a conversa entre o Deus do novo e do velho testamento, mas isso é só uma teoria boba. De qualquer forma, ninguém acerta sempre e a academia não é exceção.
>>Essa argumentação é que me levou a >>escrever a frase por você questionada.
Como tu deves ter notado, há uma certa desinformação na tua argumentação.
>>Em momento algum quero lhe convecer da >>minha visão.
Pressuposto básico do debate verdadeiro :-)
Haveria mais coisa a ser dita, mas acho que já escrevi demais.
Abraços...
ooo
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