Elysium
Depois do instigante Distrito 9, havia uma boa expectativa sobre o próximo projeto do diretor Neill Blomkamp. Para os brasileiros tinha um tempero especial com as participações dos atores brazucas Alice Braga e a aguardada estréia de Wagner Moura em Hollywood. Infelizmente, Elysium é uma grande idéia desperdiçada e carece de mais esmero, sobretudo na história. Para compensar, a melhor coisa do filme é Spider, personagem de Wagner Moura.
O roteiro, também assinado por Blomkamp, evita a correria e entrega tudo bem mastigadinho para o espectador. Mas soa como uma comida sem sal. Falta alguma coisa para temperar. As possibilidades do contexto social, com os ricos morando em um planetoide artificial fora da Terra e os pobres no que restou do nosso planeta, é tão gigantesco, que eu olhava para tela pedindo por mais. O longa opta por mostrar lutas, combates e explora superficialmente as entrelinhas dessa curiosa sociedade. Ok, o povão quer ver tiro, sangue e não lhes apetece muita falação política. É justamente essa segunda camada que fez de Distrito 9 um filme tão fascinante.
Até era entendível escorregadas no roteiro para atender o grande público, afinal, os estúdios sempre fazem isso. Mas daí a criar uma antagonista (Jodie Foster) tão fraca e previsível, fazer o segundo vilão explodir e voltar a vida (Sharlto Copley) é um pouco demais. Mesmo a química do casal protagonista, Max (Matt Damon) e Frey (Alice Braga) não funciona com firmeza a ponto de agregar força para a conclusão da trama. Gastaram até o talentoso de William Fichtner à toa. Uma das idéias mais brilhantes, da população interagindo com autoridades que são robôs é muito mal explorada. Os poderosos tem tanto asco pelos que vivem na Terra que terceirizaram o trabalho utilizando máquinas. São equívocos demais.
Damon se esforça para tentar salvar a Terra e o filme, mas como no fim do longa, ah..., veja e verá como isso tudo acaba. A melhor parte fica por conta de Wagner Moura que incorpora com gana o gangster hacker Spider. Claro que o sotaque está lá, mas até creio que seja intencional, pois o longa utiliza vários idiomas e tenta mostrar o problema em âmbito internacional. Foi um bom passo para Moura, pena que o filme não tenha sido melhor.
Com um final tolo e positivista demais, Elysium soa menor do que merecia ser. Há uma discussão interessante sobre dois mundos dentro de um só, que já acontece atualmente, não precisa ser em 2154. Neill Blomkamp tinha um bom conceito em mãos e correu para filmá-lo. O filme precisa de no mínimo mais 60 minutos para explorar melhor as personagens e propor uma reflexão ao espectador. Esse é o princípio da ficção científica - explore possibilidades que talvez nunca vão existir, para debater e refletir o que temos hoje ou nem sei se teremos amanhã. Ao fim de Elysium nada ficou semeado em mim, nem mesmo a imagem do planeta Terra em um pingente. Prefiro o "não existe lugar como a nosso lar" da senhorita Doroty, de O Mágico de Oz.
Elysium (2013)
Direção: Neill Blomkamp
http://www.imdb.com/title/tt1535108/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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O roteiro, também assinado por Blomkamp, evita a correria e entrega tudo bem mastigadinho para o espectador. Mas soa como uma comida sem sal. Falta alguma coisa para temperar. As possibilidades do contexto social, com os ricos morando em um planetoide artificial fora da Terra e os pobres no que restou do nosso planeta, é tão gigantesco, que eu olhava para tela pedindo por mais. O longa opta por mostrar lutas, combates e explora superficialmente as entrelinhas dessa curiosa sociedade. Ok, o povão quer ver tiro, sangue e não lhes apetece muita falação política. É justamente essa segunda camada que fez de Distrito 9 um filme tão fascinante.
Até era entendível escorregadas no roteiro para atender o grande público, afinal, os estúdios sempre fazem isso. Mas daí a criar uma antagonista (Jodie Foster) tão fraca e previsível, fazer o segundo vilão explodir e voltar a vida (Sharlto Copley) é um pouco demais. Mesmo a química do casal protagonista, Max (Matt Damon) e Frey (Alice Braga) não funciona com firmeza a ponto de agregar força para a conclusão da trama. Gastaram até o talentoso de William Fichtner à toa. Uma das idéias mais brilhantes, da população interagindo com autoridades que são robôs é muito mal explorada. Os poderosos tem tanto asco pelos que vivem na Terra que terceirizaram o trabalho utilizando máquinas. São equívocos demais.
Damon se esforça para tentar salvar a Terra e o filme, mas como no fim do longa, ah..., veja e verá como isso tudo acaba. A melhor parte fica por conta de Wagner Moura que incorpora com gana o gangster hacker Spider. Claro que o sotaque está lá, mas até creio que seja intencional, pois o longa utiliza vários idiomas e tenta mostrar o problema em âmbito internacional. Foi um bom passo para Moura, pena que o filme não tenha sido melhor.
Com um final tolo e positivista demais, Elysium soa menor do que merecia ser. Há uma discussão interessante sobre dois mundos dentro de um só, que já acontece atualmente, não precisa ser em 2154. Neill Blomkamp tinha um bom conceito em mãos e correu para filmá-lo. O filme precisa de no mínimo mais 60 minutos para explorar melhor as personagens e propor uma reflexão ao espectador. Esse é o princípio da ficção científica - explore possibilidades que talvez nunca vão existir, para debater e refletir o que temos hoje ou nem sei se teremos amanhã. Ao fim de Elysium nada ficou semeado em mim, nem mesmo a imagem do planeta Terra em um pingente. Prefiro o "não existe lugar como a nosso lar" da senhorita Doroty, de O Mágico de Oz.
Elysium (2013)
Direção: Neill Blomkamp
http://www.imdb.com/title/tt1535108/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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