Lincoln
O novo filme de Steven Spielberg, Lincoln, não é uma biografia sobre o famoso presidente americano, mas um relato duro e consistente sobre a importância que abolição dos escravos nos EUA faria mais tarde para os demais países no mundo, sobretudo, as ex-colônias da América. Denso e complexo, o filme pode soar chato para quem sabe pouco sobre a história americana, mas é delicioso perceber, na política, o ditado: “não é possível fazer um omelete sem quebrar ovos”. Lincoln libertou os escravos, mas utilizou de artifícios um tanto imorais e questionáveis para conseguir, e pagou caro por essas escolhas. A questão que fica: é possível fazer política sem sujar as mãos?
Claro que a atuação de Daniel Day-Lewis, como Lincoln, é quase sobrenatural, como é de praxe do ator. Contido e pausado, Lincoln parece uma criança doce e disciplinada, mas que também tem seus raros acessos de raiva, mas que no minuto seguinte, retoma sua personalidade calma e ponderada. Spielberg confecciona um ode ao estimado presidente americano, e procura, moderadamente, mostrar algumas falhas ou distorções do caráter do chefe de estado. Afinal, ele precisa de votos para aprovar a abolição, e convenhamos, nesse caso, o fim justifica os meios. Mentira, compra de votos, pressão... quase tudo é permitido. Contudo, Spielberg mostra isso tudo com suavidade e nobreza, que nem parece que é algo errado, é só política. Então quer dizer que o Mensalão petista de Lula também teve boas intenções ? Divago...
O maior problema do longa é contar essa importante página importante da história do abolicionismo, quase completamente, sobre a ótica branca. Algumas cenas esporádicas, Lincoln é confrontado por questionamentos de pessoas negras, mas que pouco acrescentam à narrativa. Esse tempero, que deveria ter um tom mais cinza (branco + negro) já foi melhor explorado por Spielberg no excelente Amistad.
Lincoln é um filme necessário. Os franceses aboliram a escravidão primeiro, em 1794, mas Napoleão a restabeleceu em 1802, sendo novamente abolida em 1848. O empenho de Lincoln para abolir a escravidão em 1863, tem um peso muito mais importante para os países da América. Talvez tenha sido um dos primeiros passos, firmes, para a busca da tão falada liberdade. A questão que o filme discute bem é: qual o preço dessa liberdade? Devemos fazer qualquer coisa para sermos livres? Ué, mas também não é isso que prega os radicais religiosos do oriente, vulgarmente chamados de terroristas? Convenhamos, é bom assistir uma história antiga que suscita boas discussões na atualidade.
Lincoln (2012)
Direção: Steven Spielberg
http://www.imdb.com/title/tt0443272/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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Claro que a atuação de Daniel Day-Lewis, como Lincoln, é quase sobrenatural, como é de praxe do ator. Contido e pausado, Lincoln parece uma criança doce e disciplinada, mas que também tem seus raros acessos de raiva, mas que no minuto seguinte, retoma sua personalidade calma e ponderada. Spielberg confecciona um ode ao estimado presidente americano, e procura, moderadamente, mostrar algumas falhas ou distorções do caráter do chefe de estado. Afinal, ele precisa de votos para aprovar a abolição, e convenhamos, nesse caso, o fim justifica os meios. Mentira, compra de votos, pressão... quase tudo é permitido. Contudo, Spielberg mostra isso tudo com suavidade e nobreza, que nem parece que é algo errado, é só política. Então quer dizer que o Mensalão petista de Lula também teve boas intenções ? Divago...
O maior problema do longa é contar essa importante página importante da história do abolicionismo, quase completamente, sobre a ótica branca. Algumas cenas esporádicas, Lincoln é confrontado por questionamentos de pessoas negras, mas que pouco acrescentam à narrativa. Esse tempero, que deveria ter um tom mais cinza (branco + negro) já foi melhor explorado por Spielberg no excelente Amistad.
Lincoln é um filme necessário. Os franceses aboliram a escravidão primeiro, em 1794, mas Napoleão a restabeleceu em 1802, sendo novamente abolida em 1848. O empenho de Lincoln para abolir a escravidão em 1863, tem um peso muito mais importante para os países da América. Talvez tenha sido um dos primeiros passos, firmes, para a busca da tão falada liberdade. A questão que o filme discute bem é: qual o preço dessa liberdade? Devemos fazer qualquer coisa para sermos livres? Ué, mas também não é isso que prega os radicais religiosos do oriente, vulgarmente chamados de terroristas? Convenhamos, é bom assistir uma história antiga que suscita boas discussões na atualidade.
Lincoln (2012)
Direção: Steven Spielberg
http://www.imdb.com/title/tt0443272/
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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