Apocalypto
Produtores de Hollywood gastam milhares de dólares tentando fabricar thrillers de ação que gerem bilheterias arrasadoras e se tornem franquias, ao estilo Duro de Matar. Imagine quantos roteiristas não passaram e ainda passam madrugadas tentando criar algo do tipo. Mel Gibson é um sujeito tão talentoso, e maluco, que não só conseguiu criar um thriller visceral e sensacional, e ainda teve a ousadia de realizá-lo usando como protagonista um índio que nem inglês fala.
Apocalypto, novo trabalho de Gibson (Coração Valente e A Paixão de Cristo), é um filme de ação em alta velocidade ambientado na América Central, durante o domínio da civilização maia. Gibson abusa novamente da violência gráfica, que em A Paixão de Cristo soou como sadismo, mas aqui quase acerta o tom. Ele continua um diretor sedento por aterrorizar os espectadores, o que particularmente gosto. Ando meio cansado do cinema politicamente-correto americano. Há de convir que o diretor exagera um pouco, como no caso da pantera abocanhando um dos algozes do herói. Gibson pode continuar assim, virulento, mas só precisa calibrar a mão.
O maior mérito do longa e da direção é a maneira como o espectador se identifica com o drama do protagonista. Gibson vai dosando as motivações pelo qual o herói Jaguar Paw (Rudy Youngblood) deve permanecer vivo e voltar para sua aldeia. Paralelo a isso se constrói a aversão aos antagonistas, no caso, os caçadores de escravos maias.
No que tange o gênero ação, Apocalypto é praticamente perfeito. Mas Gibson oferece mais aos espectadores. Ele apresenta, embora superficialmente, a América Central antes da chegada do homem branco, até então dominada pelo império maia. Fica evidente a mensagem, que mesmo antes dos brancos chegarem, já existiam ali coisas erradas e até mesmo atrozes. É inerente ao homem a barbárie. No entanto, Gibson tenta realizar uma metáfora-profética usando a narrativa para evidenciar o princípio do fim da civilização maia. A narrativa que acompanha a fuga e luta de Jaguar Paw fecha seu ciclo em um evento primordial, que apesar de ser previsível, nos toma de espanto. Devido a urgência das cenas do longa, pois o filme não para um segundo durante o terceiro ato, não há tempo para se prever direito o final. Intrigante é que na abertura do longa há uma citação ao historiador Will Durant – uma civilização só é conquistada por outra depois de devidamente apodrecida por dentro. Será que Gibson está prevendo o fim de algum outro império? Quem sabe da atualidade?
Apocalypto é um filme eficiente e cumpre seu papel, mas bem que poderia apresentar mais sobre o império maia. Talvez isso comprometesse a eficiência do longa, claro, mas espera-se que ao menos desperte nos espectadores a curiosidade sobre esta significativa civilização.
Apocalypto (Apocalypto - 2006)
Direção: Mel Gibson
Elenco: Rudy Youngblood, Dalia Hernandez, Jonathan Brewer, Morris Birdyellowhead.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
Apocalypto, novo trabalho de Gibson (Coração Valente e A Paixão de Cristo), é um filme de ação em alta velocidade ambientado na América Central, durante o domínio da civilização maia. Gibson abusa novamente da violência gráfica, que em A Paixão de Cristo soou como sadismo, mas aqui quase acerta o tom. Ele continua um diretor sedento por aterrorizar os espectadores, o que particularmente gosto. Ando meio cansado do cinema politicamente-correto americano. Há de convir que o diretor exagera um pouco, como no caso da pantera abocanhando um dos algozes do herói. Gibson pode continuar assim, virulento, mas só precisa calibrar a mão.
O maior mérito do longa e da direção é a maneira como o espectador se identifica com o drama do protagonista. Gibson vai dosando as motivações pelo qual o herói Jaguar Paw (Rudy Youngblood) deve permanecer vivo e voltar para sua aldeia. Paralelo a isso se constrói a aversão aos antagonistas, no caso, os caçadores de escravos maias.
No que tange o gênero ação, Apocalypto é praticamente perfeito. Mas Gibson oferece mais aos espectadores. Ele apresenta, embora superficialmente, a América Central antes da chegada do homem branco, até então dominada pelo império maia. Fica evidente a mensagem, que mesmo antes dos brancos chegarem, já existiam ali coisas erradas e até mesmo atrozes. É inerente ao homem a barbárie. No entanto, Gibson tenta realizar uma metáfora-profética usando a narrativa para evidenciar o princípio do fim da civilização maia. A narrativa que acompanha a fuga e luta de Jaguar Paw fecha seu ciclo em um evento primordial, que apesar de ser previsível, nos toma de espanto. Devido a urgência das cenas do longa, pois o filme não para um segundo durante o terceiro ato, não há tempo para se prever direito o final. Intrigante é que na abertura do longa há uma citação ao historiador Will Durant – uma civilização só é conquistada por outra depois de devidamente apodrecida por dentro. Será que Gibson está prevendo o fim de algum outro império? Quem sabe da atualidade?
Apocalypto é um filme eficiente e cumpre seu papel, mas bem que poderia apresentar mais sobre o império maia. Talvez isso comprometesse a eficiência do longa, claro, mas espera-se que ao menos desperte nos espectadores a curiosidade sobre esta significativa civilização.
Apocalypto (Apocalypto - 2006)
Direção: Mel Gibson
Elenco: Rudy Youngblood, Dalia Hernandez, Jonathan Brewer, Morris Birdyellowhead.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
Li muito a respeito de "Apocalypto", antes de sua estréia, a maior parte do que li duvidava da eficiência e dos motivos que levaram Gibson a fazer um filme com tal temática. Concordo com você que meio maluco ele deve ser, sem contar o que acontece in off quando ele finalizava o filme, mas sou fã mesmo dos trabalhos de Gibson. Preciso conferir este. Boa crítica.
ResponderExcluir