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Um Bom Ano

Ridley Scott é um sujeito versátil. Só ele e Kubrick – sem entrar no mérito do talento, afinal seria covardia – para ter feito ficção, épico, drama e o novo Um Bom Ano, que fica entre comédia e romance, mas não chega a ser propriamente comédia romântica. Pensei um pouco sobre os critérios que utilizei para essa conclusão e vi que o principal era o fato de ser protagonizado por um homem e não uma mulher ou um casal. Não me pareceu muito válido. Talvez seja mesmo a pequena quantidade de momentos engraçados.


Um Bom Ano
centra-se na vida de Max Skinner, cujo conflito central se resume a: ser bilionário na Inglaterra ou milionário na França? Workaholic na bolsa de valores, não se permite tirar férias e nem fim de semana. Apresenta falhas de caráter como executivo de sucesso. Herda de seu tio uma vinícola em territórios franceses, conhece a boa vida do local e uma linda moça.


Falando em família, o roteiro possui muitos primos espalhados por aí e não é a primeira vez que personagens se transformam após uma viagem, sobretudo a países românticos como Itália e França e com vinho no meio. Será impossível mudar de vida a mais de 500km da torre Eiffel? Pobres de nós, belorizontinos. Contudo, o roteiro é bem realizado, gerando um filme muito agradável e divertido de ser assistido.


O roteiro contém várias piadas eficientes sobre nacionalidades e seus estereótipos, como a americana pedindo salada com molho light, mas um pouco de bacon e a fala da francesa de que, em seu país, se há algum problema, a culpa é do freguês. Há também alguns exageros como o flashback com Fanny Chenal, a mais assanhada e poética garota de 10 anos da face da terra. Se Max era precoce e já lia Morte em Veneza, ela certamente devia estar lendo Henry Miller por aí. Desnecessário.


Por sua experiência na condução de gêneros muito diferentes, Scott às vezes parece misturar linguagens em momentos impróprios. O plano inicial é um rápido travelling circular em volta de Max garoto e seu tio jogando xadrez no jardim há 30 anos atrás, com uma trilha bucólica ao fundo. A ação filmada é tudo menos dinâmica, o que gera incompatibilidade com esse tipo de movimento de câmera. Uma decisão mais acertada seria usar movimentos e edição mais ágeis nas seqüências da agitada Londres e reservar longos planos para o ambiente rural e tranqüilo.


Um Bom Ano
é quase um conto de fadas masculino. Na vida real, infelizmente, viver de férias 365 dias de férias por ano – e 366 nos bissextos -, almoçando iguarias ao ar livre, envolto a maravilhosas paisagens, com uma linda francesa à disposição e, atenção!, continuar rico não costuma estar no leque de opções de muita gente. Entretanto, quem não cair na besteira de comparar o filme com sua própria vida, sairá leve e feliz da sala do cinema.



Um Bom Ano (A Good Year, 2006)
Direção: Ridley Scott

Elenco: Russel Crowe, Marion Cotillard, Freddie Highmore, Albert Finney, Archie Panjabi, Didier Bourdon, Isabelle Candelier.

3 comentários:

  1. Esse texto saiu no site Pílula Pop essa semana.
    www.pilulapop.com.br
    http://www.pilulapop.com.br/receituario.php?id=477

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  2. Muito bom Mary. Só senti falta da comparação do longa original - Sob o Sol de Toscana. Acusaram o filme de ser um remake demasiadamente recente.

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  3. Sob o Sol de Toscana é só semelhante, não é longa original. Tem a mesma temática batida da pessoa que viaja pra Europa e lá se encontra e reconstrói a vida, mas em Sob o Sol de Toscana, a mulher, protagonista, está se recuperando de um divórcio. Questões afetivas, portanto, e não de trabalho.

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