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Quem Somos Nós?

Quem Somos Nós? é um filme muito diferente do que estamos acostumados a assistir, pois desliza entre o documentário e a ficção. Mistura entrevistas de cientistas renomados, animações digitais e a história de uma personagem – Amanda, uma fotógrafa surda. Os diretores William Arntz, Betsy Chasse, Mark Vicente, também roteiristas junto com Matthew Hoffman, procuram ligar todas essas linguagens tendo como fio condutor os temas abordados: física quântica, filosofia, religião, psicologia. Usam as grandes ciências para responder perguntas do dia-a-dia e dúvidas de toda a humanidade. É fato que, muitas vezes, não respondem nada, só problematizam. Obviamente não por incompetência, mas porque algumas questões são simplesmente irrespondíveis. Ou alguém aí sabe de onde viemos, quem somos nós, qual o objetivo da vida?

Por trabalhar tantos temas difíceis e polêmicos, Quem Somos Nós? é uma obra que faz pensar e nos leva a refletir mesmo dias após tê-lo assistido. Há depoimentos interessantíssimos e complexos. Seu grande mérito é aproximar a ciência e as pesquisas realizadas por PhDs da população, dando significado a seus achados. Discute-se uma pesquisa na qual foram fotografadas partículas mínimas da água quando era “benzida” e quando era “maldita”, próxima de alguém com pensamentos de raiva. No primeiro caso, as partículas se mostravam harmoniosas, enquanto que no segundo, totalmente alvoroçadas e caóticas. Até aí o estudo pode parecer inútil, mas o filme traz o salto que aplica a experiência científica à nossa realidade quando nos lembra de que 90% do corpo humano é formado por água.

Não há como sair do cinema sem pensar que tudo está interligado e que as divisões das áreas de conhecimento são simplesmente didáticas. Apesar de parecerem contraditórios, os achados da ciência muitas vezes vêm a confirmar alguns pensamentos da religião e do misticismo. O exemplo da água reflete a imensa força do pensamento, explicando os poderes da fé. A física quântica parte do pressuposto de que a realidade é possibilidade mental - não é exterior a nós e existente por si própria, como se pensava anteriormente. A realidade está em cada pessoa, dependendo de sua percepção. Sendo assim, podemos mudá-la. Essa é uma idéia revolucionária, já que confere grande aplicação na vida cotidiana e permite até mesmo que as pessoas deixem de se acomodar e tenham mais esperança na mudança.

Mostrando que a mudança é possível, Quem Somos Nós? traz outras descobertas de implicações otimistas. Muito se fala a respeito dos padrões de comportamento e de como as pessoas são viciadas em certos tipos de emoções. Há gente que sempre está triste, reclamando da vida. Há quem sempre arrume tipos parecidos de namorados cafajestes. A explicação dada pelos cientistas é de que as pessoas se adaptam a determinadas sensações e, com o tempo, criam conexões cerebrais estáveis para elas. Um verdadeiro vício bioquímico. Para sair desse ciclo, a pessoa teria que formar novas conexões, com outros tipos de pensamentos que, então, se estabeleceria. Como em um exercício mental, a consciência mudaria a realidade. Daí tiramos uma outra importante conclusão: como corpo e mente estão intimamente relacionados.

Quem Somos Nós? apresenta uma enorme riqueza em seu conteúdo. Já a forma é um tanto quanto falha. Há vários efeitos visuais – alguns muito eficientes, outros inferiores aos usados em simulações do corpo humano no Fantástico. A estética é simplesmente feia. Baranga mesmo. Sem comentários para aquelas células humanizadas, com rostos, tocando em uma banda. Até aquela propaganda da Kolynos Star Gel com a estrela rosa tocando guitarra era mais elegante. A cena da polka no casamento é simplesmente surreal e cai no ridículo. Os diretores usam músicas de fundo que parecem ser de relaxamento, o que confere uma atmosfera mística ao discurso dos cientistas. Além de não combinar, infelizmente dá um tom de incredibilidade e pouca seriedade às informações trazidas. A história da personagem Amanda pouco acrescenta ao filme. Não digo que não seria uma opção rica unir teorias – conceitos científicos, informações - com a prática – a vida de um ser humano. Mas da forma com que foi trabalhada, seria melhor que o filme fosse apenas um documentário.

Quem Somos Nós? proporciona informações interessantes para pensarmos sobre questões importantes da vida e da humanidade. Faz uso das descobertas científicas levando-as ao público que normalmente não tem acesso a elas. A ciência geralmente fica restrita aos muros das universidades, quando deveria existir para estudar o mundo, disseminar conhecimento para trazer qualidade de vida à população.

Quem Somos Nós?
Direção: William Arntz, Betsy Chasse, Mark Vicente.
Elenco: Marlee Martli, Barry Newman, Elaine Hendrix.

Mariana Souto - souto_mariana@yahoo.com.br

12 comentários:

  1. Cara Mariana,

    Penso que o grande problema da ciência é que retirou de seu campos de estudo os temas metafísicos e, assim, certamente não vai ter onde buscar certas respostas.

    Fiquei muito curioso para ver este filme.

    Abraços...

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  2. Mais uma texto excelente, Mariana.
    Também fiquei super curiosa para ver o filme, pois o assunto é muito interessante.

    Parabéns!

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  3. Adorei o texto. Um amigo ficou de passar-me esse documentário via CD e até hoje nada. Fiquei curioso quando vi trechos. Agora vou obriga-lo a me passar.
    É justamente isso que quero para o CineSequencia, críticas que influenciem as pessoas a procurar um certo algo mais no cinema.

    Perfeita Mary Poppins
    Gilvan

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  4. Para quem quiser, o filme ainda está em cartaz no Belas Artes e no Usina (em BH).
    Temas metafísicos são realmente fascinantes, não? Sinto falta de mais filmes debatendo o assunto.
    Abraços e obrigada!

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  5. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  6. Pessoal, eu sou o citado amigo em débito com o gilvan. Primeiro, parabéns Mariana pelo texto... então, na sequência: Gilvan, seu DVD já está aqui esperando por você mas acho que vale mais a pena assisti-lo no cinema ! Aproveito também para concordar com o comentário anterior de que a metafísica é um tema fantástico de ser tratado no cinema e que pode sim contribuir e muito para a alteração do padrão não só cultural mas também ´quântico´ ou ao menos iluminar um caminho de observação pessoal.
    Abraços - Agnaldo

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  7. O filme é foda! E a critica condiz com a película. Acrescentaria apenas que a edição do começo é muito rápida e quase impossível de acompanhar as falas (Umas besteirinhas super importantes de física quântica). Outra coisa, quando você fala que a gente fica pensando no filme dias depois de ter assistido senti necessidade de saber o que você pensou? Talvez essa seja uma das poucas vezes em que seu texto devia ser mais pessoal, já que o próprio texto deu abertura para isso.

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  8. A maioria das falas do começo são repetidas depois, durante os depoimentos do filme. Aquilo é só uma abertura mesmo, não acho que eles tenham tido a intenção de provocar reflexão naquele início.
    Penso muito sobre a possibilidade de mudança. As pessoas têm aquela coisa Gabriela - "eu nasci assim, vou morrer assim" - e, na prática, a gente vê o quanto é difícil mudar mesmo. Felizmente, não é impossível. Mas requer uma força de vontade poderosa e isso nem todo mundo consegue ter ou não sabe de onde tirar.
    Abraços!

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  9. Caros,

    Vi esse filme. Que belo pedaço de porcaria. Vou escrever sobre ele no site...nos próximos dias...

    Abraços...

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  10. Grande Carlos, post aqui depois o endereço do artigo do seu blog sobre este filme.

    Particularmente achei interessante alguns aspectos, sobretudo a questão da reação da molécula de água à sentimentos. Pena que é uma pincelada e nada mais. Aguça a curiosidade, mas não dá mais nada.
    Do ponto de vista narrativo é meio piegas , mas dá seu recado.

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  11. Carlos Eduardo,
    Gostaria de saber sua opinião sobre o filme. Eu achei o filme... bom, o que eu achei tá na crítica: um filme que passa informações interessantes que podem ser aplicadas á vida cotidiana, mas que falha em sua forma e estética. A mistura entre documentário e ficção não funcionou.
    Abraço

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  12. Ótimo filme,

    faz a gente olhar mais pra dentro de nós mesmos para encontrar respostas que não existem em livros

    parabens pelo blog

    abraço

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