Ponto Final - Match Point
Match Point pode figurar nas categorias de drama ou suspense, fugindo do habitual gênero da comédia. A trama sai de Manhattan, atravessando um oceano para tomar lugar
Completando a elegância, o diretor insere referências à tragédia grega, citando Sófocles (autor de Édipo Rei, Antígona, entre outras). Woody Allen parece gostar do tema, que já havia sido trabalhado
Chris, o tenista profissional que passa a ser um executivo, envolve-se ao mesmo tempo com Chloe e Nola e vive a dificuldade de tentar conciliar sua vida entre as duas, procurando tomar uma decisão. Parece ter o dom de transformar mulheres interessantes em chatas insuportáveis. Chloe, tão meiga e divertida não pára de falar sobre bebês por um só minuto, exigindo a total atenção do marido. Nola, a sexy aspirante à atriz se torna histérica, demandando a presença exclusiva de Chris. É provável que a falta de posicionamento dele é que faça com que elas mudem de comportamento e se tornem desagradáveis. Para resolver a situação, Chris vislumbra uma solução, um tanto quanto absurda e imprevisível.
Jonathan Rhys Meyers interpreta um Chris comedido e pensativo, por vezes inexpressivo. Para o que o papel exige, ele se sai bem, mas ainda não arrisco dizer se é ou não um ator talentoso. Parece que poderíamos vê-lo seminu nos anúncios da Calvin Klein ou em preto e branco numa propaganda de perfume. Não que isso signifique alguma coisa. Eu apenas não conseguia desvincular sua imagem da de um modelão. Mas, obviamente, há milhões de atores belos e talentosos por aí. E esse é justamente o caso de Scarlett Johansson, que exala tanto sensualidade como competência.
Woody Allen capricha no roteiro bem elaborado e na construção dos personagens. Boas amarras impressionam, como a associação, por meio da rima visual, entre a cena inicial numa quadra de tênis e uma posterior envolvendo uma aliança. Faz brilhar os olhos de quem gosta dos jogos da linguagem cinematográfica e de um roteiro bem articulado. Match Point discute questões como o destino e a sorte e mostra como as pessoas estão completamente vulneráveis aos acontecimentos e ao azar. Os destinos de cada personagem dependem das idas e vindas, das coincidências. Nunca sabemos o que a vida lhes reserva e o diretor brinca com as possibilidades, conseguindo fazer com que o espectador se envolva e se surpreenda com cada acontecimento. A metáfora utilizada é a da partida de tênis; a vida é como um jogo. Quando a bola bate na rede, tudo pode acontecer. O que determina se a bola cai de um lado ou de outro é a sorte – e não há nada que se possa fazer. Por mais que tente, Chloe (Emily Mortimer) não consegue engravidar enquanto que isso acontece a Nola (Johansson), mesmo que ela não tenha planejado. Match Point é um filme de surpresas, não só por nos inquietar a cada reviravolta da trama, mas também pelas inovações em relação ao que esperamos de Woody Allen. Somos surpreendidos duplamente. Woody Allen dá um olé em nossas expectativas em relação a ele e suas obras e à própria história que é aqui contada.
Ponto Final - Match Point (Match Point, 2005)
Direção: Woody Allen
Elenco: Jonathan Rhys-Meyers, Scarlett Johansson, Emily Mortimer, Brian Cox, Matthew Goode.
Mariana Souto - souto_mariana@yahoo.com.br
Cinema de primeira qualidade. Filmaço!
ResponderExcluirE essa Scarlett Johansson então, que delícia...
Um abraço à todos
Mto bom filme, e mto boa critica, só faltou qtas estrelas o filme merece (mas voce deve dar 5 estrelas, pela critica, e tb merecidamente, em minha opinião)
ResponderExcluirImpressionante como filme a todo momento, e principalmente no final prova a fala inicial, qué melhor ter sorte a ser bom
Parabéns pelo blog pessoal! É muito bom discutir sobre filmes. Ponto Final com certeza é um desses que merecem uma bela discussão. Visitem meu blog e leiam meu comentário.
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