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X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

A adaptação da saga X-Men para o cinema já rendeu sete filmes, que entre acertos e equívocos, tem em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido uma espécie de conclusão de um ciclo. Ainda bem que o diretor Brian Singer, que começou a saga em 2000, com X-Men: O Filme, voltou para capitanear este novo longa, que é de longe o mais complexo da série e o que representava um grande desafio. Afinal, como condensar tudo que foi feito nos filmes anteriores, corrigir em parte os erros e ainda viabilizar um novo futuro para a franquia? Convenhamos, diante disso tudo, as chances do filme dar errado eram gigantescas, mesmo para um homem talentoso com Singer. Desconfio que ele seja um mutante, pois o resultado apresentado não é só muito contundente, como tem momentos brilhantes.

Após o excepcional X-Men: Primeira Classe, que conta um pouco sobre o inicio dos X-Men, de Xavier e Magneto, a saga precisaria algum dia voltar a linha narrativa principal, na qual o ótimo X-Men 3: O Confronto Final de um soco no estômago dos fãs. Portanto, quem fez a bagunça, normalmente tem que voltar para arrumar. E o roteirista Simon Kinberg, que escreveu X-Men 3, retorna para amarrar todas as pontas soltas dos filmes anteriores e, sem sombra de dúvidas, é quem mais merece aplauso pelo trabalho no longa. A história não está 100% redondinha, mas diante do desafio proposto, o resultado é sensacional.Veja, se você nunca viu nenhum filme da saga, ainda assim o espectador vai se divertir com o filme e sofrer com a tensão do último ato. O filme consegue equilibrar bem essa diferença, do espectador fã e o comum, garantido a ambos uma boa experiência cinematográfica. O fã mais ranzinza pode se queixar: Opa, como é que o Professor Xavier ressuscitou da morte no terceiro filme? Há uma passagem de tempo não contada entre o fim do terceiro filme e este longa. Algo tão grande, denso e importante, que fez Xavier e Magneto ficarem juntos novamente. Ou seja, não há como contar tudo. Compreendo e respeito a licença poética escolhida pelo roteiro.

Mas o deleite mesmo fica por conta das escolhas geniais de Singer e sua equipe, que com o apoio de um elenco fantástico, transmite tensão, medo, angústia e até nos faz dar boas gargalhadas. Perceba como as sacadas cômicas funcionam de maneira natural. Destaque para Evan Peters, que rouba a cena na interpretação curta, mas marcante como Mercúrio. A sequência do resgate de Magneto é fabulosa. O Wolverine de Hugh Jackman, que tem papel fundamental em todos os filmes da franquia, excetuando X-Men: Primeira Classe, aqui novamente é a força motriz da narrativa. Curioso é ver um Logan mais humano, que sem o adamantium, buscar retribuir ao jovem e cabeludo Professor Xavier, aquilo que o careca e na cadeira de rodas fez por ele no passado, (ou melhor, no futuro, não sei). É emblemático ver Logan suplicando a Xavier que se controle e que acredite que é possível mudar. Falando no velho e novo Xavier, o dialogo entre os dois é um dos momentos icônicos da saga até aqui.

Claro que tem alguns tropeços, como a explicação superficial de como Kitty Pryde (Ellen Page) consegue transportar a consciência de uma pessoa no espaço tempo ou como Magneto consegue controlar os Sentinelas apenas inserindo metal no meios dos componentes. São por menores que não inviabilizam o andamento da narrativa, mas são leves escorregões. Contudo, para cada errinho ou ponta não tão bem amarrada, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido compensa com algum sequência de tirar o fôlego e/ou o show à parte dos efeitos visuais. Para quem tinha dificuldades de mover uma enorme antena em X-Men: Primeira Classe, Magneto tirou onda com a cena do estádio. Outro acerto, que á algo raro de ser visto em filmes de super-heróis, é a fluidez e a dinâmica das cenas de combate, sobretudo, quando há diversos participantes. Singer consegue mostrar todos combatendo, de modo que o espectador sabe quem é quem e o que cada um faz. Algo que em Os Vingadores, mais parece uma salada de fruta batida no liquidificador.

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido não é pra mim o melhor filme da saga, que considero  X-Men 3: O Confronto Final por conta do impacto emocional. Ainda assim, o longa apresenta uma estrutura coesa e firme, mostrando que após 14 anos, os mutantes de Xavier chegaram a maturidade no cinema. O ciclo da dicotomia entre Xavier e Magneto nunca terá fim, mas daqui pra frente, seria prudente que o inimigo fosse alguém comum aos dois. Talvez alguém tão gigantesco que ambos precisem novamente atuar juntos. Essa união possibilitou a X-Men: Dias de um Futuro Esquecido ser um dos melhores filmes super-heróis já produzido pelo cinema. Ah, não é pedir muito. Isso não seria nenhum Apocalipse. Ou seria?

PS.: Não deixe de ver a cena extra após os créditos. Um importante mutante dá as caras.



X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past - 2014)
Direção: Bryan Singer
http://www.imdb.com/title/tt1877832/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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