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Caçadores de Obras-Primas

Basta pronunciar o nome George Clooney, em qualquer lugar do mundo, que já se escuta os suspiros apaixonados das senhoritas. É incontestável que o galã cinquentão tem uma força carismática como ator, grande influência no show business hollywoodiano, mas a cada nova produção vai se transformando em um talentoso diretor de cinema. Em Caçadores de Obras-Primas, Clooney é muito feliz ao buscar contar uma página pouco conhecida da Segunda Guerra Mundial, sobre homens, cuja missão era resgatar a história da nossa civilização - obras de arte.

O longa consegue falar dos infortúnios da guerra, ser singelo e tocante no momento necessário e, por vezes, dá uma pitada cômica para suavizar o tempero da trama. Tudo isso muito bem orquestrado no ótimo roteiro de Clooney e Grant Heslov, baseado no livro homônimo de Robert M. Edsel e Bret Witter.

Diante de toda a carnificina executada por Hitler e o Nazismo na Europa, quem iria se importar em salvar obras de artes? Milhares de garotos morrendo nas trincheiras e que importância teria um quadro ou uma escultura diante desse contexto? Uma obra de arte vale o sacrifício de uma vida humana? É nessa discussão que o filme foca e obtém um resultado muito acima do esperado. Ao invés de ficar remoendo as justificativas dos nazistas para coletar tanta obra arte, por conta das frustrações artísticas de Hitler, o longa dedica-se a justificar por que vale a pena essa caçada para preservação da nossa história.

Clooney consegue dar um ritmo cadenciado e equilibrado, mesmo com os membros da equipe trabalhando em lugares e missões diferentes. Veja a beleza da cena em que Richard Campbell (Bill Murray) toma banho e o amigo lhe surpreende com um agrado. Ou empenho de um professor, embora agnóstico, em defender com a própria vida a Madonna of Bruges, escultura de Maria e o pequeno Jesus, obra de  Michelangelo. A escultura é utilizada como uma alegoria de fé para que o grupo não desista e continue empenhado na missão. O roteiro é de uma felicidade ímpar nessa escolha para impulsionar a trama.

Aqui precisamos dar graças ao capitão que direciona o timão, Clooney, afinal, a cada novo filme como diretor ele se mostra sensível e evoluindo. Começou no estranho e insosso Confissões de Uma Mente Perigosa, depois fez uma obra espetacular em Boa Noite, Boa Sorte,  tropeçou no O Amor não tem Regras, e obteve um resultado eficiente no instigante Tudo pelo Poder. Passo a passo, com acertos e atropelos, Clooney vai construindo um carreira coesa atrás das câmeras e vale muito a pena continuar acompanhando o galã grisalho dos suspiros femininos.

Caçadores de Obras-Primas é uma pequena e singela obra de arte que mostra o esforço de alguns homens, e uma essencial mulher, claro, para garantir a possibilidade de apreciar uma das melhores facetas do ser humano, a ARTE. Curioso que o filme mostra isso paradoxalmente com a pior faceta, a GUERRA. Toda nossa beleza e do mundo que habitamos buscou ser condensada, durante milhares de anos, nas obras desses artistas. Seja no misterioso sorriso da Mona Lisa, de Da Vinci, ou um simples quadro de um artista local sobre a paisagem de Ouro Preto. Ali está o retrato de como enxergamos a VIDA. Imagino eu, caso algum idiota megalomaníaco e com um bigode ridículo tivesse me privado de ver a Trilogia O Poderoso Chefão, ou 12 Homens em uma Sentença, ou Janela Indiscreta, ou Laranja Mecânica... minha vida, certamente, não seria a mesma. Seria bem mais triste.



Caçadores de Obras-Primas (2013)
Direção: George Clooney
http://www.imdb.com/title/tt2177771/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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