Eu Sou a Lenda

Sinopses como esta são quase sempre traiçoeiras. Cinéfilos experientes percebem rápido quando Hollywood confecciona porcarias embaladas sob boas campanhas de marketing. Eu Sou A Lenda tinha todos os indícios de a “bobagem do ano”, mas para feliz surpresa, é um filme bem feito, que entrete e ainda possui boas cenas. Dirigido por Francis Lawrence (Constantine), o longa é a terceira adaptação para o cinema do romance, de Richard Matheson. Os filmes anteriores foram Mortos que Matam (1964) e A Última Esperança da Terra (1971). [fonte: Cinema em Cena]
O fim apocalíptico do mundo sob um iminente vírus é um tema recorrente nos longas de ficção científica. Tema tão clichê que até Steve Segal (Guerra Biológica) e Jean-Claude Van Damme (Agente Biológico) já salvaram o mundo. Embora tenha alguns problemas, Eu Sou A Lenda é um dos mais agradáveis e divertidos filmes sobre o tema. A explicação é simples: a estória em si é dramatizada dentro de um thrilher de terror. A trama batida e quase sempre previsível é bem adereçada com efeitos especiais e bons sustos [proporcionado pelos excelentes efeitos sonoros}.
O longa conta com a presença sempre carismática de Will Smith, que com pouco tempo em tela cativa o espectador junto com sua companheira, Sam. Há algumas idéias brilhantes no filme, que através da interpretação de Smith elevam Eu Sou a Lenda a um grau maior do que um simples filme de entretenimento. Há dois momentos marcantes: a cena em que Robert conversa com manequins para amenizar a solidão e a que ele precisa sacrificar a única lembrança que o restou da família. Esta última, corta o coração e demonstra claramente o quanto estamos identificados com o drama do protagonista.
Entretanto, como de praxe nos blockbusters hollywoodianos, há falhas, algumas imperdoáveis. A melhor idéia do roteiro, a retribuição dos monstros à armadilha criada por Robert, não é desenvolvida no fluxo da estória. Tal iniciativa dos monstros mostra claramente que o princípio de organização, raciocínio e vínculo afetivo [ele foi a forra por causa da mulher] foi mantido nos seres infectados, preservando assim certo grau de humanização, o que contraria o conceito proposto por Robert. A resolução final da trama surge meio que as pressas sem dar tempo para o espectador compreende-la adequadamente. Ok, foi o sangue, mas a monstra [feminino mesmo] não tinha piorado de novo?
Somada a essas lacunas fica a óbvia comparação com a bilogia Extermínio, filme referência sobre o tema, que coincidentemente ou não, se ambienta sob um thrillher de terror. Em Eu Sou a Lenda, os humanos infectados [os monstros] são criados em CGI [computação gráfica] o que os torna visualmente ricos, em contrapartida menos verossímil. O grande segredo de Extermínio é o uso de atores na composição dos morto-vivos. Até no excelente Abismo do Medo, os seres monstruosos, mesmo carregados de maquiagem e efeitos, tem por baixo, atores. Os monstros de Eu Sou A Lenda mostram-se menos aterrorizantes do que poderiam ser. A dica é simples: se é possível casar atuação humana com CGI faça-o, vide Gollum, interpretado por Andy Serkis, na Trilogia O Senhor dos Anéis.
Mesmo diante dos escorregões Eu Sou A Lenda é um bom filme que vale o estourar das pipocas, mas saliento, muito em virtude do carisma de Smith. Ao final, a brasilerinha Alice Braga (Cidade de Deus, Cidade Baixa) dá o ar da graça em um papel pequeno, mas fundamental para a resolução da trama. Já se estuda uma continuação para o longa [as comparações com Extermínio são mais do que óbvias] e agora resta saber como, já que... [Censurado por contar o final] – Clonagem Humana?

Eu Sou a Lenda (I Am Legend - 2007)
Direção: Francis Lawrence
Elenco: Will Smith, Alice Braga, Salli Richardson, Charlie Tahan.
Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
Esperava mais desse filme, apesar de achar de Will dá o ar da graça e Alice faz um importante papel, pequeno, mas importante.
ResponderExcluirAbraço.