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Rocky Balboa

Com a evidente crise de talento entre os roteiristas de Hollywood [esta cada vez mais raro um bom roteiro original] a onda de continuações, remakes e revivals transborda pelas salas de cinemas. Curiosamente, a temeridade que acompanhou o lançamento da sexta continuação da saga Rocky [pensa bem – dirigido, roteirizado e estrelado por Stallone é de meter medo] não se fez real. Pelo contrário, Rocky Balboa é um dos melhores filmes da série.

[O texto crítico abaixo cita dados da trama.
Desaconselhável para quem ainda não viu ao filme]

Rocky está mais velho, tem um restaurante aparentemente rentável e o filho já é um homem. O tempo passou, mas as lembranças dos dias de gloria não. O longa traça o drama da nova realidade em que vive, a de ex-atleta. Rocky é bem sucedido e respeitado, mas através da boa atuação de Stallone [sim, eu disse boa] o espectador percebe um certo vazio no homem outrora vitorioso. Parte por conta da ausência da esposa Adrian, já falecida, parte pela saudade daquilo que ele fez melhor, lutar.

O filme é um drama cadenciado com boas pitadas de reflexão, nada muito complexo, pois Stallone escrevera focado em seu fiel público. Entretanto, é curioso verificar que só há uma luta durante a projeção. Menos socos gráficos e mais bancadas dramáticas. É claro que os [jovens] fãs de “porradaria” vão sair meio decepcionados, mas irão aprender uma lição simples e importante da discussão entre Rocky e o filho Rocky Jr. (Milo Ventimiglia).

A discussão é o ponto alto do longa. Rocky usa uma metáfora simples e ligeiramente mal construída, fato da sua pequena bagagem intelectual, em que funde o boxe e a capacidade de enfrentar a vida. Os cinéfilos mais sisudos podem achar um tanto quanto filosofia de botequim, mas tal “lição de moral” vem em boa hora, vide a atual juventude. Muito jovens andam precisando escutar os conselhos do tio Rocky.

Confesso que me assustei, pois já haviam passado dois terços do filme e ele continuava excelente. Infelizmente, a direção de Stallone escorrega na concepção da luta final. Ele se perde em jogo de imagens de impacto que se desconecta de todo o restante do filme. A luta é mal realizada e inverossímil. Onde já se viu boxe com a guarda baixa? No cinema, pois só assim é possível filmar o rosto da personagem. Todavia, a intenção era criar uma edição que evidenciasse a passagem de tempo dos inúmeros rounds da luta. Fazendo um paralelo com a mensagem da discussão que Rocky teve com o filho, ele não está interessado em vencer, mas em lutar, manter-se em pé, firme, até o último round, não importa o resultado final. Uma Pena que Stallone não tenha conseguido.

Rocky Balboa é uma grata surpresa e mostra um Stallone mais maduro e influenciado pela beleza do longa Menina de Ouro. Espero que como Rocky, ele reconheça que o tempo passou e que é hora de fazer outras coisas. Só não vale se candidatar a governador.


Rocky Balboa (Rocky Balboa - 2006)
Direção: Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Burt Young, Milo Ventimiglia, Geraldine Hughes, James Francis Kelly III, Tony Burton, Mike Tyson.

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com

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