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Raul

Astros do rock criam um aura sobre si mesmo, que muitas vezes por conta de elaboradas estratégias de marketing, transformam um cantor razoável e um mito cultural. Se alguém cita o nome Raul Seixas, logo vem a mente o roqueiro maluco beleza da qual as pessoas sempre lembram e, vez ou outra, um grita lá do fundo: "Toca Rauuuuuuul'. O documentário Raul - O início, o fim e o meio é um importante e contundente material para mostrar o homem por trás do mito. Mas o que fica bem claro, após conferir o longa é que ele nem era tão maluco assim, só tinha uma vontade intensa de saber quem ele era de verdade e até onde podia levar sua música.

Talvez você não seja fã de Raul, portanto, o documentário dirigido por Walter Carvalho e Leonardo Gudel, é uma fonte bem realizada de informações sobre o cantor, na qual os amigos e parceiros dele vão pincelando um quadro colorido, de um sujeito metido a Elvis Presley, que gravou em 1971 com Miriam Batucada em uma banda intitulada Sociedade da Grã-Ordem Kavernista [já era maluco], até o alcoolismo que o tragou à morte. O maior acerto da produção e não se deixar iludir pelo mito e tentar entender um pouco mais o talentoso compositor que virou cantor e transformou a cara do rock nacional.

Lindo é ver que a disputa de composições entre Paulo Coelho e Raul Seixas (à lá Lennon e McCartney) foi bastante salutar para a música brasileira. Bacana é perceber Paulo Coelho reconhecendo que apesar de ter ignorado à época, hoje se arrepende de não ter contribuído para músicas antológicas como Maluco Beleza.

Raul surgiu da metamorfose ambulante do rock americano, misturou forró e baião, acertou, errou, errou de novo, mas irritante como uma mosca na sopa, ele sempre seguiu tentando outra vez. Sem medo da chuva ele enfrentou os pilares da Música Popular Brasileira, cantando Gita no Fantástico, e colheu o sucesso, mas percebeu que tudo aquilo era Ouro de Tolo, tão frívolo como ter um Corcel 73. Montou uma sociedade alternativa, que no fundo não alternava nada. Mas, como vovó já dizia, Raulzito, como se chamava no primeiro disco de 1968, pode não ter nascido há 10 mil anos atrás, mas certamente será lembrado por alguns mil anos a frente. Raul - O início, o fim e o meio é um documentário obrigatório, goste você ou não. Convenhamos, se você não gosta, tu és maluco, mas tá beleza.



Raul - O início, o fim e o meio (2012)
Direção: Walter Carvalho, Leonardo Gudel
http://www.raulseixasofilme.com.br/ - http://www.imdb.com/title/tt1784599/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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