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Medo da Verdade

Que Ben Affleck é um ator regular, porém esforçado, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro pelo ótimo Gênio Indomável [dividiu o prêmio com o amigo Matt Damon], bonitão e que se encaixa em qualquer comédia romântica que venha a ser escrita em Hollywood, isso todo mundo sabe. Agora, nem o mais otimista dos fãs do ator previa uma estréia tão pungente dele do lado de trás das câmeras. Medo da Verdade é o primeiro [e invejável] longa de Affleck assumindo a direção.

Um jovem casal de detetives particulares, Casey Affleck (Patrick Kenzie) e Michelle Monaghan (Angela "Angie" Gennaro), são designados para investigar o misterioso desaparecimento de uma menina. O que parece ser um típico caso de seqüestro ganha desdobramentos inusitados. Quanto mais profundo a investigação segue, mais risco eles correm, inclusive a relação afetiva entre os dois.

Medo da Verdade é um daqueles filmes que viram sucesso de locadora. Uma pessoa vê, acha sensacional, indica para outra, e assim sucessivamente. Com um roteiro recheado de conflitos, ganchos e reviravoltas [bem feitas], o longa é um exemplo raro da comunhão de cinema arte com entretenimento. Tanto o cinéfilo veterano quanto o espectador mais simples sairão satisfeitos. O segredo disso: uma boa estória, muito bem contada.

Apesar do filme ter um elenco invejável, que ainda possui Morgan Freeman (Jack Doyle) e Ed Harris (Detetive Remy Broussard), as atuações são contidas, mas eficientes. O destaque fica por conta de Casey Affleck (é o irmão mesmo) que conduz o espectador com segurança pela trama. A identificação do espectador com o investigador é providencial para funcionamento do filme. Inúmeros longas na mesma linha de Medo da Verdade não dão certo, mesmo com boas estórias, por conta da fragilidade no processo de identificação. Ponto para os Afflecks.

Ben Affleck se mostra um diretor tímido, sem firúlas, que sabe que sua obrigação é servir à estória. E que estória. O roteiro de Aaron Stockard e Ben Affleck, baseado em livro de Dennis Lehane, instiga progressivamente o espectador. A reviravolta final além de tirar o fôlego nos convida a fazer uma escolha das mais interessantes e imorais que já vi no cinema. A arte, no caso o cinema, é importante para cutucar, aflorar e discutir temas ou mesmo sentimentos que temos, e às vezes não damos conta disso. E você, o que teria escolhido se fosse o detetive Kenzie? A ética e a moral pede um coisa, o funcional pede outra.

Medo da Verdade pode não ganhar o Oscar ou nadar em milhões de bilheteria, mas seguradamente, será uma constante referência quando o tema for filmes de suspense investigativo. Só espero que a boa estréia de Ben Affleck na direção, seja descoberta em tempo. Quem sabe antes do filme chegar as locadoras.


Medo da Verdade (Gone Baby Gone - 2007)
Direção: Ben Affleck,
Elenco: Casey Affleck, Morgan Freeman, Ed Harris, Michelle Monaghan, Amy Ryan.

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com

3 comentários:

  1. Gilvan, ao contrário de você, não gostei nenhum pouco de "Medo da Verdade". Creio que os únicos pontos interessantes sejam mesmo o intenso desempenho de Amy Ryan e a questão que o filme levante (e o seu texto também) sobre a verdade, que nem sempre é necessária ser mostrada para algo melhor.

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  2. odeio os trabalhos do Ben afleck, mas seus argumentos me convenceram de que ele fez algo diferente... confesso que não sabia que ele tinha dirigido o filme, só vi o nome do irmão no elenco...
    parabéns pelo blog, ótimo layout e excelentes textos...
    abraços

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  3. Ainda não vi esse filme, mas, pelo que ando lendo, ele divide opiniões. Mas devo esperar o dvd.

    Abraço!!!

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