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Mad Max: Estrada da Fúria

Trinta anos após Mad Max - Além da Cúpula do Trovão temos Max Rockatansky de volta ao desértico mundo pós -apocalítico em que água e combustível valem mais que a vida humana. Muita gente torceu o nariz, afinal pensavam: mais um remake caça-níquel e para piorar, sem Mel Gibson como protagonista. Mad Max: Estrada da Fúria pode ser considerada uma obra de arte moderna do cinema de entretenimento. Ágil, enlouquecido, raivoso e visualmente avassalador. Só lhe dou uma dica: não pisque, pois vai perder algo importante nesses milésimos em que seus olhos estiverem fechados.

O filme já começa com pé no acelerador e com menos de dez minutos já temos nosso herói preso, tentando fugir e preso novamente. Na primeira cena o diretor setentão (que deve usar drogas, claro!) George Miller já dá logo as cartas e pede para o espectador se segurar na poltrona, pois o ritmo vai ser ainda maior. E o velhote maluco além de pisar mais fundo, ainda aciona o nitro. Jesus, alguém pare esse filme que eu quero descer. É uma sessação deliciosa que não vivo em um filme de ação desde o O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, de 1991. Faz as contas, são 24 anos. Tem algo errado em Hollywood, não acha?

A produção foi certeira em escalar Tom Hardy como o novo Mad Max. Talentoso e sisudo, ele é o cara certo para o papel. Mas o longa é mais denso e complexo, e o apoio de Charlize Theron, como a imperatriz Furiosa, dá ao filme um contexto mais amplo e mostra que há outras pessoas que sofrem tanto quanto Mad Max nesses quatro capítulos da franquia, iniciada em 1979. Some ainda o irreconhecível Nicholas Hoult, que está ótimo no papel, embora eu suspeito sua atuação, também seja fruto do uso de drogas alucinógenas (tsc tsc). A pergunta é quem não está sobre efeito de drogas nesse filme?

Em tempos que a TV incomoda e muito o cinema e levanta uma boa discussão sobre o novo papel da sétima arte como entretenimento, Mad Max: Estrada da Fúria é uma espécie de receita de bolo. Os espectadores vão ao cinema à procura de uma experiência visual e sensorial. Algo que o deixe completamente atordoado ou em êxtase, ao menos por algum tempo. O novo Mad Max, realizado por um velhinho de 70 anos (drogado) mostra o óbvio: queremos ser bem enganados quando pagamos por um bilhete de um filme. Geoge Miller explicita o que o cinema do século 21 precisa fazer para reconquistar o seu público. O mais curioso é que ele, basicamente, não fez nada novo, apenas fez uma leitura contemporânea do que já tinha feito nos três Mad Max anteriores. Só acelerou um pouco mais a voltagem e colocou umas pilulas coloridas debaixo da língua. Estou ansioso por mais uma dose, digo, o próximo filme.



Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road - 2015)
Direção: George Miller
http://www.imdb.com/title/tt1392190/

Gilvan Marçal - gilvan@gmail.com
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